Blog by Dani

segunda-feira, outubro 31, 2005

Dia das Bruxas

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A palavra Halloween tem origem na Igreja Católica. É uma contração de All Hallows Eve, que seria a véspera do Dia de Todos os Santos, comemorado no dia 1º de novembro. Uma das lendas sobre essa festa tem origem celta e fala que os espíritos de todos que morreram naquele ano voltariam à procura de corpos vivos para possuir e usar pelo próximo ano. Os celtas acreditavam ser a única chance de vida após a morte.
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Claro que os vivos não queriam ser possuídos, então na noite do dia 31 de outubro, eles apagavam as tochas e fogueiras de suas casa, para que elas se tornassem frias e desagradáveis, colocavam fantasias de monstros e saíam às ruas numa parada ruidosa, para assustar os espíritos. O Halloween foi levado para os Estados Unidos em 1840, por imigrantes irlandeses que fugiam da fome pela qual seu país passava.
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A brincadeira de doces ou travessuras não teve início na Irlanda, mas num costume europeu do século IX, chamado de souling (almejar). No Dia de Todos os Santos, os cristãos iam de vila em vila pedindo soul cakes (bolos de alma), que eram feitos de pequenos quadrados de pão com groselhas. Para cada bolo que ganhasse, a pessoa deveria fazer uma oração por um parente morto do doador. Acreditava-se que as almas permaneciam no limbo por um certo tempo após sua morte e que as orações ajudavam-na a ir para o céu.
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O enfeite mais famoso da festa do Dia das Bruxas veio de uma antiga lenda irlandesa. Contavam que um homem chamado Jack, depois que morreu, ficou vagando pelo mundo com uma lanterna feita de nabo com um pedaço de carvão aceso dentro. As pessoas, então, colocavam lanternas de vegetais nas portas e nas janelas das casas para afugentar Jack e outros espíritos maus nas noites de Halloween. O costume de usar abóboras surgiu depois que a festa chegou nos Estados Unidos.
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Bruxas
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As bruxas têm papel importantíssimo no Halloween. Não é à toa que o dia é conhecido como Dia das Bruxas em português. Segundo várias lendas, as bruxas se reuniam duas vezes por ano, durante a mudança das estações: no dia 30 de abril e no dia 31 de outubro. Chegando em vassouras voadoras, as bruxas participavam de uma festa cujo anfitrião era o próprio Diabo. Elas jogavam maldições e feitiços em qualquer pessoa, transformavam-se em várias coisas e causavam todo tipo de transtorno. Diz-se também que para encontrar uma bruxa era preciso colocar suas roupas do avesso e andar de costas durante a noite de Halloween. Então, à meia-noite, você veria uma bruxa! A crença em bruxas chegou aos EUA com os primeiros colonizadores. Lá, elas se espalharam e misturaram-se com as histórias de bruxas contadas pelos índios norte-americanos e, mais tarde, com as crenças na magia negra trazidas pelos escravos africanos.
O gato preto é constantemente associado às bruxas. Lendas dizem que bruxas podem transformar-se em gatos. Algumas pessoas acreditavam que os gatos eram os espíritos dos mortos. Muitas superstições estão associadas aos gatos pretos. Uma das mais conhecidas é a de que se um gato preto cruzar seu caminho, você deve voltar pelo caminho de onde veio, pois se não o fizer, é azar na certa.
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Fontes:
Folha Online
Guia dos Curiosos
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Todos nós conhecemos “bruxas” na vida real, em algum momento da vida. Elas estão por toda parte, disfarçadas de tias, vizinhas, professoras, colegas de trabalho.
Pode ser aquela tia velha que lhe dá umas bengaladas na cabeça, uma professora que deixaria a feiticeira da Branca de Neve no chinelo, uma chefa que inferniza sua vida ou até mesmo uma sogra que usa a vassoura como meio de transporte.
Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!
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Para conhecer outras curiosidades sobre o Dia das Bruxas, clique aqui.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Ah, essa louca paixão...

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Fui convidada pela amiga Micha, do Carpe Diem, a participar de um post comunitário, cujo tema é “Você já viveu uma louca paixão?”. Isso me lembra aquelas redações de escola, em que o professor era quem estipulava o tema. Achei bem legal escrever este (enorme) post sobre isso, porque tenho uma história muito especial...
Mas vamos ao que interessa.
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Fui acometida por esta embriaguez sentimental durante a adolescência, aos 14 anos, depois de ter experimentado uns entusiasmos tolos, que passaram feito resfriado. Desta vez seria diferente.
Onde moro, muitos veranistas compram ou alugam casas para passar invernos, verões, férias ou feriados. No início da minha rua, havia uma casa onde uma família com três adolescentes costumava passar temporadas. Este pessoal já possuía esta casa havia um bom tempo, mas eu nunca tinha reparado muito nos garotos. Nem sabia direito quem eram. Mas é aquela história: quando algo tem que acontecer, o destino sempre interfere.
Numa tarde do verão de 1992, fui à casa de uns amigos - que também estavam de férias por aqui - e estava tendo uma “pelada” no campo de futebol, ao lado do jardim. Ao “esquadrinhar o ambiente”, logo detectei algo interessante no meio daquela garotada arfante e suada. Camiseta marrom. Cabelo comprido. Perguntei quem era. Disseram que ele era um dos três adolescentes da casa no início da rua. Quis saber quantos anos tinha. Achavam que devia ter uns 16, era o irmão do meio. Antes que o jogo terminasse, fui embora para casa, sem sequer desconfiar do que já estava acontecendo comigo.
Nos dias seguintes, senti alguma coisa me mordiscar por dentro. Não admitia nem para os meus botões, mas só pensava naquela criatura do jogo de futebol. Não sabia como me aproximar. Via-o de longe e tentava enganar a mim mesma: “Antipático. E nem é grande coisa”. Minha mãe, que já havia captado tudo, diagnosticou: “Quem desdenha, quer comprar”. Mãe sempre acerta. Mas as amigas também já tinham notado. Se eu o desprezava tanto, por que só falava naquilo o tempo todo?
Um dia, alguém finalmente nos apresentou. Conversamos um pouco, ele tinha mesmo 16 anos. E tocava violão. Fazia o tipo rebelde, mas na verdade era até meio tímido. Fiquei absolutamente vidrada.
Deste dia em diante, assumi para mim mesma as minhas intenções, embora ele não demonstrasse o mesmo entusiasmo. Andávamos juntos, conversávamos, e todos a nossa volta percebiam que o que havia era muito mais do que amizade. Era al
go latente, apenas esperando para se manifestar.
Eu mal dormia à noite, ouriçada pela possibilidade de encontrá-lo no dia seguinte. Passava as madrugadas ouvindo músicas sugestivas e imaginando mil coisas. Mesmo não dormindo quase nada, amanhecia lépida como uma lebre, e saía logo cedo para vê-lo. Nem bem o avistava, o coração entrava numa espécie de arritmia – parecia bateria de escola de samba, só faltava uma cuíca para acompanhar. Fazia de tudo para ficar o maior tempo possível perto dele, para tentar descobrir suas preferências, as coisas que gostava de fazer – era preciso estudar o terreno.
Mas seu ar blasé me incomodava. As férias estavam terminando e eu só queria que ele me desse um mísero sinal. E ele deu. Dois meses depois, num feriado de Semana Santa.
Nós nos reencontramos, e ele estava bem diferente. Havia cortado a vasta cabeleira, parecia mais doce, mais suave. Quando o vi, o coração parecia que ia explodir, de tão descompassado. Era um misto de felicidade, ansiedade, dúvida e esperança – todos os sintomas da mais abrasadora paixão adolescente. Descobri depois que ele sempre sentira o mesmo, apenas tivera medo de confessar. Não me lembro de ter tido um momento mais feliz do que aquele.

Começamos então um namoro, que se transformou numa incrível história - a mais importante de nossas vidas.
Namoramos, nos separamos, namoramos novamente, nos afastamos outra vez. Atualmente juntos (desta vez para sempre, espero), posso dizer que já tive várias paixões arrebatadoras. E todas pela mesma pessoa.
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Para conhecer outros apaixonados: PAIXÕES - Amores e desamores que mudaram a história (Rosa Montero, Editora Ediouro).

quarta-feira, outubro 26, 2005

Uma caixa de lenços, por favor

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Há certos filmes que me fazem chorar como uma carpideira italiana. Principalmente alguns desenhos, por incrível que pareça. Não sei se pelas trilhas sonoras emocionantes ou se pelo fato de os personagens não serem interpretados por pessoas – pois neste caso sabemos que é apenas representação, não é de verdade. Deve ser isso mesmo: as animações trazem em si um conteúdo verdadeiro, porque seus personagens realmente existem, ainda que tenham sido obra de um talentoso desenhista.
Na primeira vez em que assisti SPIRIT – O Corcel Indomável, há alguns meses, não me contive e jorrei litros de lágrimas, sinceramente consternada pelas desventuras do cavalo. Na segunda vez em que assisti ao mesmo filme, surpresa: debulhei-me novamente – talvez até mais do que na ocasião anterior. De onde se conclui que posso assisti-lo cem vezes, que sempre precisarei de um lençol e de uma boa bacia.
Esta minha sensibilidade “exagerada” para desenhos é coisa que já vem de longe, desde os tempos da infância, na década de 80.
Houve uma época em que eu assistia a uns desenhos japoneses, exibidos à tarde pela extinta TV Manchete. Os tais desenhos nem pareciam fazer parte da programação infantil, pois eram tristes, muito tristes. Tristíssimos.
Aqueles olhos grandes (muito comuns em animações nipônicas) conferiam aos bonecos um terrível ar dramático. E as histórias eram as mais trágicas: havia a da órfã Cozette que, faminta, maltrapilha e enregelada pelo frio, olhava através das vidraças das casas, e via famílias confraternizando ao redor de mesas fartas (aquilo me deixava para morrer); havia também a da vampirinha boa, que não se conformava por seu pai (o próprio Drácula) ser tão carniceiro, matando pessoas para sugar-lhes o sangue. Após empreender uma campanha para tentar regenerar o vampirão, e não obtendo sucesso, partiu para a solução definitiva: cravou-lhe uma estaca de madeira no peito. E eu desatava a soluçar e a verter baldes de lágrimas na frente da televisão. Devia ser meio masoquista...
Eu também não me agüentava quando no, programa da Xuxa, na Globo, passava Caverna do Dragão. Eu explico: naquele grupo de adolescentes transportados para outra dimensão, havia um garoto (que agora não me lembro o nome). Nesta dimensão onde foram parar, ele fez amizade com Uni, um bicho fofo que era um híbrido de cabritinho com unicórnio.
Acontece que os jovens queriam voltar para casa, e raramente surgia esta chance. Para quem lembra, abria-se diante deles um portal, que eles deveriam atravessar para voltarem. E perderam várias oportunidades como esta por causa do menino, que não queria abandonar o tal cabrito-unicórnio, já que este não sobreviveria na outra dimensão.
Naqueles impasses nas despedidas, que nunca chegavam a se consumar, meus olhinhos de criança emotiva marejavam.
Quando o bichinho choramingava aquele “méééé” desesperado para o garoto, então... eu puxava a ponta do casaco.


PS: Pelo menos eu não chorava vendo Smurfs ou Scooby-Doo. Aí também já seria demais.

segunda-feira, outubro 24, 2005

NÃO: endereçado a Lula

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Ao contrário do que pensam os que apoiaram o SIM, quem votou NÃO nas urnas, ontem, dia 23, não é a favor da violência.
Quem votou NÃO sabe exatamente por que o fez. E não foi por ser favorável à violência ou ao uso de armas, pois muitas das pessoas que optaram pelo NÃO jamais tiveram uma arma em casa, nem pretendem ter. Quem votou negativamente à proibição estava, na verdade, demonstrando que não se renderia aos interesses de um governo autoritário e manipulador, que pretendia engrupir a população com quimeras de uma “sociedade pacífica”. Golpes ditatoriais de governos comunistas tiveram seu embrião nesta primeira providência: desarmar a população, deixá-la indefesa. E tendo um presidente como o nosso, que admira sistemas atrasados como o de Cuba e o da Venezuela, é um caso a se pensar.
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Este empenho do governo pelo SIM foi, portanto, bastante suspeito. As propagandas que apoiavam a proibição enganavam a população desinformada, pregando que a violência diminuiria substancialmente, caso o SIM vencesse. Se realmente houvesse preocupação em conter a violência, o governo não começaria justamente pela população. Começaria pela polícia, pela segurança da coletividade, pelo combate à criminalidade e ao tráfico.
A interferência do povo através do referendo foi vital para que se comprovasse a indignação brasileira, em face a uma lei abusiva que estava prestes a ser instituída.
A opção em massa pelo NÃO mostrou, com isso, que o povo está decepcionado com as altas esferas políticas; mostrou que desconfia de suas intenções, se nunca realiza nada que beneficie o país; mostrou que não está disposto a contribuir com os interesses de políticos mal-intencionados; e mostrou, acima de tudo, que não apoiaria mais um absurdo deste ignóbil e corrupto presidente.

domingo, outubro 23, 2005

Oh, vida cruel...

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Hoje, dia 23, estarei mais uma vez trabalhando na zona. Na Zona Eleitoral, que fique bem entendido.
Estarei lá cumprindo resignadamente meu cargo de presidente de mesa, dando assistência aos desavisados eleitores dos cantos mais recônditos da Terra de Marlboro.

Já tentei esquivar-me deste entediante serviço eleitoral, mas não fui dispensada. Devem estar mesmo adorando meu trabalho. Ou não encontraram outro pato para me substituir. Mas ainda não desisti de me livrar da chatíssima tarefa. Para tanto, estou arquitetando planos e listando as opções disponíveis:

1 - transferir meu título (para bem longe daqui!)
2 - filiar-me a um partido político (mas... qual?)
3 - quebrar a urna eletrônica a pauladas (marreta também serve)

Aceito outras sugestões.
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RESULTADO DA ENQUETE
Na sua opinião, a venda de armas de fogo deve ser proibida no Brasil?
Sim - 18,64% (11 votos)
Não - 81,36% (48 votos)
Total - 59 votos

Aqui o NÃO saiu na frente. Vamos ver como será nas urnas.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Piadas reais da Terra de Marlboro

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Como já citei algumas vezes, a Terra de Marlboro é um lugar pródigo em histórias e personagens que pipocam pelas ruas e praças locais. Basta sair à rua para voltarmos com alguma nova “fábula” ou piada verídica na ponta da língua...

Esta aconteceu com meu pai, não faz muito tempo, nas imediações da nossa casa.


Ocasionalmente, compro livros e CD’s pela Internet, no site da Livraria Saraiva. Depois de depositado o valor total da compra, a encomenda é enviada e recebida em aproximadamente uma semana, por Sedex, em caixas com o logotipo da livraria.
Há alguns meses, toda a correspondência do condomínio ainda era deixada na portaria, aos cuidados do segurança do turno do dia, um humilde nativo destas terras esquecidas pela civilização. E era sempre a ele que nos dirigíamos para resgatar cartas, contas e também encomendas.
E, nesta época, eu estava para receber um pacote da Saraiva contendo livros e, se não me engano, CD’s também, e que estava sendo esperado havia mais de uma semana.
Meu pai, de passagem pela portaria, parou e perguntou:
- Escuta... não chegou aí nenhuma encomenda para a minha filha, não?
O segurança, com um ar de dúvida, respondeu:
- Para sua filha? Não sei... se chegou, eu não vi, não senhor.
Meu pai insistiu:
- Tem certeza? É que já era para esse Sedex ter chegado...
O rapaz, então, pediu que ele aguardasse uns instantes, e foi procurar a dita encomenda entre as correspondências do dia, dentro da guarita da entrada. Voltou de lá trazendo uma caixa de papelão retangular:
- Olha, só chegou esse aqui, mas não é para sua filha, não.
Meu pai pediu para ver.
- Ah, é sim, é este mesmo! Muito obrigado, boa tarde...
E já ia pegando a caixa das mãos dele, quando o rapaz coçou a cabeça e desculpou-se:
- Senhor, deve estar havendo algum engano. Na caixa está escrito que este pacote aqui é para o SEU SARAIVA...


P.S.: A história valeu-lhe o apelido. O moço é agora conhecido aqui em casa como “Seu Saraiva”.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Opinião: Lya Luft

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Este texto de Lya Luft está na coluna Ponto de Vista, da revista VEJA desta semana. Achei interessante e esclarecedor sob vários aspectos, por isso estou postando para vocês. Boa leitura!

Eu vou ser contra

A pergunta que seremos obrigados a responder nos próximos dias vem – como tantas coisas mais – muito malfeita. Presta-se a enganos também porque vem combinada com campanhas de entregar armas, trocar armas por brinquedos, por dinheiro, por sabe-se lá que mais.
Mas o plebiscito sobre armas não quer, na verdade, saber se somos contra alguém ter arma em casa: quer que a gente diga se aprova ou não a proibição do comércio de armas.
Uma leitura benevolente indicaria apenas desinformação no ato e na forma de realizar o plebiscito. Uma leitura mais cuidadosa nos faz lembrar regimes ditatoriais – do nazismo ao comunismo – que tiraram o direito do cidadão de se defender enquanto armavam polícias políticas e brigadas populares.
A grande perturbação do senso moral destes tempos, resultante da contínua afronta a valores mínimos capazes de garantir a estabilidade social, pode ser um indício de tempos negros – à direita, ou à esquerda.
Obviamente sei que andar armado e reagir a um assalto é quase sempre decretar a própria morte, neste país onde a violência impera, a droga predomina e o mau exemplo que vem de cima é assustador, como no caso dos deputados que a toda hora trocam sopapos no plenário, tornando a violência algo quase oficial.
Em lugar de apoiar esse confuso plebiscito, sou a favor do que não se faz: desarmar os bandidos; liquidar o narcotráfico ou reduzir seu poder; proibir a propaganda de bebida alcoólica, causadora de boa parte das mortes por arma de fogo e dos acidentes de trânsito fatais, e regulamentar severamente sua venda.
Também é preciso uma real vontade de acabar com a indecente corrupção por aqui, um terrível desestímulo para o cidadão comum, sobretudo jovem; resolver o descaso com policiais mal pagos e mal preparados, além de mal armados para a sua dura tarefa, na qual arriscam e muitas vezes perdem a vida. E não digam que não há dinheiro, pois sabemos que o problema é o seu mau uso.
Alardeia-se o desenvolvimento do Brasil; porém, até setembro, se aplicou na saúde pouco mais de 5% do orçamento do ano destinado à área: vejo todo dia jovens médicos desempregados e multidões de doentes desassistidos. Na educação, aplicou-se cerca de 15% do previsto: escolas são fechadas, outras deveriam fechar por não oferecer condições de higiene e segurança mínimas, por falta de professores ou de material; as universidades estão decadentes, mas ainda, demagogicamente, se multiplicam pelo país, sem nenhuma infra-estrutura, às vezes até sem instalações básicas ou professores.
A falta de horizontes para jovens profissionais é trágica, levando nossos filhos ao desalento ou a tentar a vida no exterior. Muitos têm sua adolescência prolongada, não por preguiça ou inépcia, mas porque não conseguem se afirmar no mercado de trabalho, mesmo com talento, preparo e títulos. Não é por nada que alguns começam a pensar: é realmente importante ter diploma, competência e honradez?
Fala-se em deflação, mas no meu bolso sobem as contas de luz, de telefone, de tudo o mais, sem falar no seguro-saúde, que tem de ser privado, pois o público assassina doentes nas filas de espera.
Não quero que a gente propicie aos malfeitores mais essa facilidade: saber que, estimulados pelo poder público, pais de família, agricultores, fazendeiros, estudantes, comerciantes, taxistas, todos os que estão desprotegidos em suas casas ou precisam circular por nossas ruas e estradas perigosas, foram oficialmente desarmados.
Podem me crucificar, podem reclamar, mas, se alguns direitos – saúde e educação, segurança e moradia, esclarecimento sobre gastos públicos e ética nas administrações – já andam restringidos, nesse resto de democracia imagino que a gente possa ao menos tentar se defender, quando o Estado não nos protege, e votar do jeito que parecer mais sensato.

Lya Luft é escritora

segunda-feira, outubro 17, 2005

Sabe o que é urucubaca?

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“Vocês não sabem o que é urucubaca!”

Sei, sim. E mesmo acreditando ser desnecessário, darei uma dica em forma de pergunta: existirá vida após a reeleição?
Temo pelo futuro da nossa sofrida república de bananas, se os brasileiros, que sofrem de uma amnésia crônica e incurável e – pior do que isso – de uma galopante falta de informação, reelegerem este indivíduo que atualmente nos diminui e envergonha onde quer que vá.
Vejo-o como uma espécie de “exterminador do futuro”, um político cujas intenções sempre me pareceram duvidosas. Uma vez reeleito, conseguirá algo que eu julgava improvável: piorar uma situação já péssima - coisa que está fazendo ainda nesta gestão, ao acrescentar sérios problemas onde já existia uma pilha de pendências insolúveis.
Mostrou-nos finalmente a que veio, quando deixou escapar gordas ratazanas de seus porões presidenciais, potencializando sua incompetência ao declarar-se absolutamente alheio ao escândalo. Tal comportamento denunciou um cinismo que, neste caso, não chega a surpreender.
A cada nova denúncia, suspeitamos a que caminhos levará o fio deste novelo tão complicado. Essas suspeitas nunca chegam efetivamente a se confirmar, pois o presidente teve o cuidado de cercar-se dos mais variados mecanismos de manipulação de informações.
Com o dinheiro que deveria melhorar a vida da população incauta que o elegeu, compra os meios para manter sua permanência no cargo. Nestes meios incluem-se o aumento cedido gentilmente aos militares, o pagamento de mensalões, a ameaça velada à Rede Globo (que omite determinadas informações, favorecendo a imagem do governo), entre outros estratagemas escusos - até mais graves do que os citados.
Seu sonho é ser qualquer coisa entre Hugo Chavez e Fidel Castro, e para isso ensaia os passos de uma burra autoridade, munido de um temível despreparo e de sua já notória ignorância.
Em certa ocasião, quando ainda era candidato, numa declaração infeliz, bradou em rede nacional: “Vamos tornar o Brasil o líder dos países pobres!”.
Líder dos países pobres? Tal como um mendigo liderando uma turba de maltrapilhos? Não, obrigada. Não é isso que desejo para o meu país.

Eu sei o que é urucubaca. Só o que temo é que muita gente ainda não saiba.

domingo, outubro 16, 2005

Um estranho no espelho

(da série "Momentos Filosóficos do Blog by Dani")
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Crescer.
Pode haver algo mais estranho do que isso? O processo nos parece tão natural, que nem percebemos o quão assustador ele é.
Crescer nada mais é do que morrer sucessivas vezes, para renascer umas outras tantas.
Morrer é deixar de existir. E, ao crescermos, estamos deixando de existir como crianças – é a morte da infância, o fim de um período da vida. Nossa imagem infantil não mais será vista.
Renascemos então como adolescentes, e esta segunda chegada ao mundo é ainda mais atordoante do que a primeira – inseguranças, dúvidas, uma realidade nova se descortinando à nossa frente, como uma espécie de reencarnação. Olhamo-nos no espelho e concluímos: definitivamente, não somos mais o bebê desdentado do antigo álbum de fotografias. Temos um outro tamanho, uma outra aparência, outros interesses.
E quando finalmente começamos a nos acostumar com nosso novo visual, a sirene biológica anuncia pontualmente que é hora de “morrer” outra vez, para assumirmos uma nova versão de nós mesmos.
Largamos então a casca da adolescência e enveredamos pelo misterioso e multifacetado mundo adulto, em busca de novas identidades.
Seguimos tateando sem rumo, num cenário desconhecido, à espera do próximo capítulo. E do próximo personagem, que seremos nós mesmos, mas com um figurino diferente, interpretando um papel diverso.
Ainda assim, seremos nós, mesmo que o espelho já não nos reconheça.

sexta-feira, outubro 14, 2005

O rei do Cangaço


Não me entra na cabeça o rumo que estão tomando as investigações acerca da morte do perito Carlos Delmonte, que afirmou que o prefeito Celso Daniel teria sido brutalmente torturado antes de morrer.
É muito estranho dizerem agora que Delmonte teve “morte natural”. Muito conveniente, morrer “naturalmente” na iminência de prestar depoimento na CPI dos Bingos e após concluir dados reveladores a respeito do assassinato do prefeito de Santo André. A polícia fala em envenenamento, mas legistas e promotores que estão acompanhando o caso dizem que “a hipótese de homicídio é remota”.
A essas alturas, ninguém quer declarar que foi “morte matada”, e não “morte morrida”. Afinal, nenhum deles gostaria de ser o próximo da lista, que agora já conta com sete silenciados.

- Pode ser um envenenamento acidental, pela ingestão de alimento estragado, por exemplo, pode ser suicídio e pode ser um envenenamento provocado por terceiros no caso de homicídio. Por enquanto, nenhuma hipótese está descartada. Nenhuma hipótese está descartada, mas eu acho a hipótese do homicídio bastante remota, porque há uma carta recomendando o funeral dele - explica Roberto Wider Filho, promotor de Justiça.
(Fonte: Globo Online)

Cartas, como sabemos, podem ser escritas por qualquer pessoa, até mesmo pela própria vítima, sob ameaça ou tortura - principalmente quando o objetivo é encobrir um crime e, com isso, ocultar provas.
Seja qual for a conclusão a que chegar a Justiça, sempre considerarei este mais um caso nebuloso ocorrido em circunstâncias suspeitas.
Às vezes, sinto-me num país de implacáveis cangaceiros. E fico me perguntando quem, nesta terra sem ordem e sem lei, seria o Lampião.
Tenho cá os meus palpites...

quarta-feira, outubro 12, 2005

Ser criança

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É possível que eu esteja enganada, mas às vezes tenho a impressão de que antigamente as crianças eram crianças por mais tempo, ou pelo menos sabiam aproveitar melhor a infância. A minha, por exemplo, já estava com o prazo de validade vencido, quando minhas Barbies deram as costas para mim, recusando-se a continuar a brincadeira.
Guardo com uma certa nostalgia esses tempos em que os percalços do mundo adulto mantinham-se a uma distância segura dos meus devaneios pueris, e que todos os sonhos – absolutamente todos – pareciam perfeitamente realizáveis.
Na década de 80, período em que se ambientou meu alegre tempo de criança, os baixinhos ainda não viviam vidrados nos jogos de computador, nem estavam condenados à clausura dos asfixiantes playgrounds.


Fazendo um retrospecto, reuni alguns flashes desta fase tão divertida quanto passageira, e que fazem parte dos capítulos iniciais da minha história pessoal:

* ainda nem andava quando ganhei da minha madrinha o meu primeiro boneco, o Feijãozinho. De vez em quando, ainda esbarro com ele em algum canto do armário;

* tive um carrinho vermelho, daqueles de sentar dentro e sair pedalando. Uma vez, tentei fazer-lhe uma “lanternagem”, usando o vidro de esmalte de unhas de uma visita;

* pedi um boneco Fofão no Natal, mas quando ia para a cama, virava o dito cujo para a parede – eu o achava feio e sinistro;

* houve uma época em que andava fissurada na Xuxa e em tudo o que fosse da Xuxa. Inclusive aquelas sandalinhas horrorosas e as inesquecíveis botas de amarrar;

* tive ainda umas mil Melissinhas, que traziam como “apêndice” os mais variados acessórios, que iam desde bolsinhas e pochetes até reloginhos em forma de coração – tudo de plástico, e geralmente rosa;

* também me rendi à febre do bambolê, e um dia fiquei 40 minutos rebolando naquele negócio – na certa pretendia entrar pro Guiness;

* passava voando de bicicleta pelas ruas do bairro, levantando poeira, com pressa para ir jogar bola na casa dos amigos da vizinhança;

* adorava tomar banho de chuva, e levei broncas memoráveis ao chegar em casa com o cabelo pingando, depois de saltitar no temporal;

* tinha medo de vampiro, mas mesmo assim insistia em ver filmes de terror. Depois, na hora de dormir, não pregava o olho nem por um decreto;

* fiz questão de acreditar em Papai Noel pelo maior tempo possível – até quando já não dava nem para fingir que eu acreditava;

* depois de engolir água em várias piscinas, aprendi a nadar sozinha, na praia;

* tinha uma coleção de bonecas Barbie, mas a minha preferida era uma Barbie americana, presente de Tia Etelvina;

* colecionava papéis de carta, e tinha um enorme orgulho da minha imensa coleção, que eu levava para a escola para trocar com outras menininhas;

* já fiz bolinho de terra com forminha de gelo;

* colecionei joaninhas num “jardim artificial” montado dentro de uma caixa de papelão.

* desenhava e escrevia exaustivamente, e meu pai perdeu a conta de quantas resmas de papel e de quantos mil lápis de cor comprou para alimentar minha “expressão artística”. Eu escrevia e ilustrava histórias, além de fazer revistas em quadrinhos.

Enfim, foram muitos os momentos alegres, os brinquedos e as histórias. Com as memórias que guardo deste período, eu seria capaz de escrever mais umas quinhentas linhas, descrevendo as incontáveis façanhas daqueles dias róseos, em que os adultos me advertiam, em tom de brincadeira:

- Aproveite enquanto é criança. Depois você cresce, e aí vai ver o que é bom pra tosse.

Antes fosse xarope.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Apocalypse now

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No decorrer da História, vários profetas já vaticinaram o frágil planeta em que vivemos, prevendo – quase sempre metaforicamente – que este, de alguma forma, encontraria seu fim em alguma esquina traiçoeira do cosmos. Mas nunca ficou claro como se daria este fim – se de forma abrupta, sem aviso prévio, ou se lenta e gradualmente. Estou mais inclinada a crer na segunda alternativa.
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Após o tsunami ocorrido na Ásia, em dezembro passado, algo modificou profundamente os processos da natureza. Estudos acerca dos efeitos causados pelo gigantesco maremoto comprovaram ter havido uma mudança na inclinação do eixo da Terra, e na época, os pesquisadores garantiram que isto não alteraria em nada fatores como a rotação do planeta, por exemplo. Mas alguma coisa aconteceu.
Em menos de um ano após a hecatombe asiática, o que se viu foi uma sucessão de grandes catástrofes naturais em vários pontos do globo – terremotos, ciclones, furacões – denunciando graves falhas na estrutura terrestre. Até mesmo no Brasil tivemos notícias de ciclones atropelando cidades ao sul do país.
As causas de tantos fenômenos climáticos ocorridos em tão pouco tempo estão sendo atribuídas a movimentações de placas no interior do planeta, desastrosas formações de ventos, além da exploração indevida e abusiva dos recursos naturais. Com isso, registram-se mudanças climáticas, geradas principalmente por um aquecimento global, que por sua vez estaria ligado a um aumento da concentração de gases poluentes na atmosfera.

Certos vírus e bactérias, incitados pela interferência humana no meio ambiente, sofreram mutações e proliferaram-se ao longo do tempo, originando doenças desconhecidas e epidemias letais, como a gripe espanhola, o Ebola e a pneumonia asiática (sars – síndrome respiratória aguda), além da própria AIDS, só para citar alguns exemplos. Milhares de vidas já foram ceifadas por moléstias deste tipo, muitas ainda sem controle e sem cura.
Este descompasso da natureza faz lembrar o devastador processo que culminou com a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos.
Cabe então a pergunta: seriam as tragédias e as doenças o sinal previsto para o encerramento de um ciclo vital?

Ainda não há uma resposta definitiva para a questão, mas o homem, reincidente em seus erros, não dá ouvidos às previsões apocalípticas e prossegue em seu rastro de destruição. Apesar de sentir-se ameaçado por todas as armadilhas de uma natureza absolutamente incontrolável – e implacável – ainda é capaz de engendrar violentos conflitos e produzir guerras sangrentas, provocando assim uma “pré-extinção” da raça humana.
E isto sim, caracteriza verdadeiramente o que podemos chamar de ‘fim do mundo’ que, também com a participação do homem, dá-se de maneira insidiosa e irreversível.

A profecia, portanto, já se cumpriu. E nós, mesmo vivendo no rescaldo dos escombros, nem nos demos conta.

sábado, outubro 08, 2005

Enquanto isso, na Terra de Marlboro...

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No cinema

Antes que tudo se acabe, fui com o Leo ao moribundo cinema da Terra de Marlboro.
De posse do nosso “kit básico”, contendo pipoca, Coca light e Suflair, assistimos ao filme
O Virgem de 40 anos.
Filmezinho despretensioso, com uma historinha incrivelmente simples, mas que prende a atenção com seus lances divertidos. Rendeu boas gargalhadas e deu para distrair.
Na bilheteria, ficamos sabendo que o cinema será fechado em breve para reformas, e que suas dependências serão reabertas por uma outra rede de cinemas.
Preferencialmente uma que pague o aluguel em dia.

Peculiaridades locais

Se há uma coisa admirável aqui na Terra de Marlboro é a profusão de nomes e apelidos inacreditáveis com que freqüentemente nos deparamos.
Há os pretensamente estrangeiros, e geralmente aportuguesados, que resultam em Uosto, Maicon, Ruan, entre vários outros homófonos; há os híbridos, em que os pais mixam os seus nomes ou de parentes, com o objetivo de produzir um nome original, tal como Marley (provavelmente Marlene + Vanderley), Valdirene (Waldir + Irene?) e toda a sorte de combinações possíveis (e impossíveis também); e não podemos esquecer daqueles nomes que servem de sufixo para muitos outros (aplicam-se a este caso os versáteis – ilton, - ilson, - nete, etc.).
Mas existe também uma categoria muito popular neste nosso país de poucas letras, e que eu não poderia deixar de citar: a dos nomes errados.
Outro dia, meu pai estava no supermercado e conseguiu, com alguma dificuldade, ler o nome escrito no crachá do garoto que empacotava as compras: QUERIAVALDO.
Na minha imaginação, o que se passou foi o seguinte: o pai do rapaz, na ocasião de seu nascimento, foi ao cartório registrá-lo, e ao chegar lá, apenas respondeu à pergunta do funcionário do cartório: “Que nome o senhor quer?”. Pronto. O cara do cartório tascou a resposta inteira e ainda acrescentou o sobrenome!

Na linha geral dos improváveis, encontramos ainda um incrível Queresnilton, atendente numa loja de materiais de construção; surpreendemo-nos com um não menos exótico Chester, filho da moça que trabalha na padaria (que certamente deve adorar festejos natalinos); acostumei-me a chamar de Iolanda a minha primeira babá, cujo nome de registro era Eulândia.
Ontem, porém, fiquei na dúvida quanto a um nome, justamente por conhecer a prodigiosa criatividade dos habitantes da quase fictícia Marlboro.
Estava olhando com interesse a vitrine de uma sapataria, quando um rapazinho simpático veio me atender. Informei que estava apenas dando uma rápida espiada, mas que voltaria depois para experimentar uma sandália. Perguntei então o nome dele, para que pudesse procurá-lo quando retornasse para efetuar a compra, num outro dia. Ele então me respondeu, sorridente:
- Chantilly.
- Como???
Estou até agora sem saber se era de fato o nome dele (pois desta vez não havia um crachá onde eu pudesse conferir), ou se na verdade tratava-se de algum apelido brincalhão. Por que, pelas características étnicas do rapaz, ele estava mais era para calda de chocolate. Mas não tive coragem de perguntar... vai que era nome mesmo!

quinta-feira, outubro 06, 2005

Dia de luz, festa de sol


Como sabemos, a Internet é um meio facilitador para diversas atividades. Atualmente somos dependentes destas facilidades disponibilizadas pela rede, que nos permitem fazer compras, enviar e-mails e arquivos com rapidez, obter todo tipo de informação, e também fazer amizades.
Superada a febre dos chats, onde hoje em dia raramente se encontra vida inteligente, passamos à onda dos blogs (bligs, flogs e coisas do gênero), que surgem aos milhares e abordam uma gama inimaginável de assuntos e temas.
Eu, que até então nunca havia cogitado fazer algo deste tipo, acabei atraída pela possibilidade de registrar minhas impressões num espaço de acesso público, onde poderia interagir com outras pessoas, conhecer suas opiniões e compartilhar meus pontos de vista. Dessa forma, era certo que novos amigos virtuais e colegas de blog surgissem, mais cedo ou mais tarde.

Uma das primeiras pessoas que tomaram conhecimento do meu blog recém-criado foi o amigo Paulo Afonso, que hoje completa mais uma efeméride.

Paulo, carioca legítimo, é o criador do belo site Alma Carioca onde, além de disponibilizar uma grande variedade de informações, declara abertamente seu amor pelo Rio de Janeiro. Lá podemos encontrar ainda textos sobre a história da cidade, artigos, notícias, várias fotos maravilhosas do Rio (de hoje e dos primórdios de sua urbanização) e links interessantes.



No site, há um link para o blog O Barquinho, também pertencente a Paulo Afonso e que funciona como uma extensão do site, mas com a dinâmica de uma página que pode ser modificada a qualquer momento. Passei a visitá-lo com freqüência, e qual não foi minha surpresa ao constatar que Paulo havia visitado meu blog também, e deixado um comentário! Era a primeira pessoa – digamos assim – desconhecida que adentrava meus domínios virtuais! E, para surpresa maior ainda, voltou outras vezes mais.

Embora não o conheça pessoalmente, não considero Paulo Afonso um desconhecido – muito pelo contrário. Ele é agora como uma espécie de vizinho, daqueles que têm plena liberdade para freqüentar a casa, que entram e saem sem a menor cerimônia, que chegam para almoçar ou jantar sem precisar avisar, que vêm para bater um papinho, ou dão apenas uma passadinha para dar um “alô”. Suas visitas ao meu blog têm esta essência.

E hoje, que é seu aniversário, eu não poderia deixar de transmitir-lhe toda a minha admiração por sua pessoa e por seu trabalho, que tive o prazer de conhecer. Assim como também não posso deixar de desejar a meu novo amigo uma cascata de felicidades, não apenas hoje, mas em cada um de seus dias.

Auguri, Timoneiro!!!

quarta-feira, outubro 05, 2005

Desmistificando o Referendo


É errôneo afirmar que o maior índice de mortes por armas de fogo no Brasil ocorra em desavenças domésticas ou em brigas de bar. Isso não é verdade. Apenas 3,5% dos brasileiros possuem armas de fogo, e desarmar esta pequena parcela da população não diminuirá a violência. Vale lembrar que as armas ilegais, em muito maior número no Brasil, não serão alcançadas pelo desarmamento nem pela lei proibitiva às armas de fogo e munições.

Os motivos me parecem elementares:

>>> As mortes por arma de fogo ocorrem quase sempre nas ruas, por ataques de bandidos em roubos, assaltos e seqüestros ou em confrontos armados entre bandidos e policiais, resultando inclusive em balas perdidas. E bandidos, como sabemos, não serão desarmados se a lei for instituída.

>>> Durante uma briga de casal, por exemplo, mesmo que não haja armas de fogo na casa, sempre é possível atacar o outro com uma faca, – que afinal de contas também é uma arma, também fere, e também mata – ou com um machado, uma tesoura ou qualquer outro instrumento. Até mesmo com as próprias mãos, pois a propensão para atos violentos está impressa na índole da pessoa, não no fato de possuir ou não uma arma em casa.

Quanto aos acidentes domésticos, não creio que a solução seja proibir o comércio de armas no Brasil. Os responsáveis pela arma é que precisam se conscientizar de que não podem deixar um revólver carregado e engatilhado dentro de uma gaveta acessível aos filhos pequenos ou outras pessoas. A prevenção é algo perfeitamente possível.

Crimes bárbaros e nacionalmente conhecidos já foram cometidos sem o uso de armas de fogo. Alguns exemplos:

>>> Caso Suzanne Louise Von Richthofen (2002): os irmãos Cravinhos, cúmplices de Suzanne, assassinaram os pais dela, Manfred e Marísia Richthofen.

Arma utilizada: barras de ferro.

>>> Caso Guilherme de Pádua (1992): Guilherme de Pádua, juntamente com sua então esposa Paula Thomaz, armaram uma emboscada para matar a atriz Daniela Perez, de 21 anos, abandonando seu corpo num matagal após o crime.

Arma utilizada: tesoura.

>>> Caso Pistone (O Crime da Mala - 1928): o imigrante italiano Giuseppe Pistone, durante uma discussão com sua esposa (a também italiana Maria Fea, na época grávida de 6 meses), estrangulou-a. Para dar sumiço ao corpo, tentou colocá-lo dentro de uma mala do tipo baú. Como não coubesse inteiro dentro da mala, mutilou-o cortando parte das pernas.
Arma utilizada: as próprias mãos e uma navalha.

O que realmente mata é a violência, que pode ser executada com qualquer instrumento. Sendo assim, seria coerente que a proibição fosse extensiva também à comercialização de facas, garrafas de vidro, ferramentas de jardim, barras de ferro, canivetes, navalhas, instrumentais cirúrgicos, e mais uma lista interminável de artefatos de que uma mente perigosa poderia se utilizar para cometer crimes.

Para ver o que foi publicado sobre o assunto na revista VEJA desta semana, clique aqui.

terça-feira, outubro 04, 2005

Chiquita Bacana


A cantora carioca Emilinha Borba, que ficou conhecida como a Rainha do Rádio, faleceu na tarde de ontem, deixando, através de seu trabalho, a lembrança de uma época mais inocente do nosso país, ao imprimir sua voz às marchinhas de carnaval que até hoje conhecemos.
Eu particularmente guardo uma “memória afetiva” de suas músicas, que minha avó cantarolava para mim, na tentativa infrutífera de me fazer pegar no sono.
O velório será no saguão da Câmara Municipal, no centro do Rio, com visitação pública a partir das 7h da manhã desta terça-feira. A Marinha está presente com 20 militares em traje de gala (ela era a madrinha da arma). Será sepultada às 17 horas, no Cemitério do Caju
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segunda-feira, outubro 03, 2005

Pensar é progredir

(parafraseando Lya Luft)

Sempre fui da opinião de que a informação (quando bem aproveitada) é o caminho mais curto para o desenvolvimento, seja de uma cidade, um estado ou um país. Um povo desinformado é um povo totalmente desprotegido e facilmente manipulável. Um exemplo de manipulação é a forma com se disseminam as “facções” religiosas entre as mentes desprovidas de esclarecimentos.
Por incrível que pareça, não basta ter instrução para assimilar a informação de forma construtiva. Nem sempre possuir um alto nível de escolaridade significa ter um bom aproveitamento do que se absorve, seja através da leitura ou de outros meios.
O conteúdo informativo é apenas uma base elucidativa, da qual devemos extrair opiniões. Estas, por sua vez, serão formadas a partir de um senso crítico, apoiado num raciocínio lógico e numa análise geral dos fatos, colocando na balança prós e contras, conseqüências e possíveis desdobramentos. Este processo de pensamento leva a uma melhor compreensão das coisas, o que muito nos auxilia no momento de tomar qualquer decisão, seja ela de cunho pessoal ou público.
Justamente por acreditar nisso, é que no dia 23 de outubro votarei NÃO à “proibição da comercialização de armas de fogo e munições no Brasil”. Conhecendo a situação atual do país e levando em consideração opiniões e estatísticas fundamentadas, simplesmente não há argumentos suficientes que me façam concordar com um disparate destes.
Basta observar as duas frentes: a que incita a população a votar favoravelmente não oferece justificativas plausíveis, parece inventar razões. A forma encontrada para manipular a opinião pública foi inserir atores e atrizes da Rede Globo (sempre ela!) em sua campanha.
Já a frente que repudia a proibição não conta com atores famosos, mas em contrapartida possui uma argumentação mais inteligente, alicerçada em elementos reais e consistentes.
Na revista VEJA desta semana, em sua matéria de capa, são enumeradas 7 razões para votar contra a proibição. Sem intenções de cooptar ninguém, estarei tratando deste tema nos próximos dias, opinando e utilizando fragmentos da matéria para melhor ilustrar meus pontos de vista.

domingo, outubro 02, 2005

A moral da história


Numa postagem anterior, ao mencionar a escassez de programas interessantes na tv aberta, declarei que a minha paciência para acompanhar os folhetins está se esgotando. Porém, vez ou outra tento assistir a algumas cenas isoladas, apenas para me inteirar do andamento das histórias e apreciar a atuação dos atores, mas alguns detlhes acabam por me deixar indignada. E se há uma coisa que me tira do sério em novelas, é o comportamento dos “mocinhos” da história no desenrolar da trama.
Todo roteiro inclui em sua dinâmica a ala boazinha e o núcleo de vilania. Nada mais básico para desenvolver um enredo: os vilões bolando um sem fim de estratégias maléficas para atrapalhar a felicidade dos bem-intencionados. Teoricamente, o que se deseja mostrar é que, no fim das contas, quem age mal acaba pagando caro por isso. Mas por que SÓ NO FIM?
Alguns diriam que assim tem mais graça, pois gera mais expectativa em torno do final feliz. Quanto mais sofridos os “mocinhos”, maior será o alívio de, no final, vê-los caminhando juntos e felizes num campo florido, iluminados por um sol primaveril, etc e tal.
Mas, até que isso aconteça, serão necessários 7 ou 8 meses de muitos desencontros, artimanhas e problemas, ingredientes-padrão fundamentais para o desenvolvimento de uma trama de sucesso. O que me desagrada é o tom que os autores dão aos personagens da turma dos bons samaritanos. Os infelizes deixam-se enganar de uma forma quase infantil, e são de uma ingenuidade que beira a mais completa burrice. Enquanto isso, os malfeitores pintam o diabo com os parvos, que não suspeitam das armações mais manjadas. A mensagem oculta por trás destas características, no meu entender, é que todo indivíduo de bom coração é potencialmente um idiota, sempre prestes a cair nas ciladas mais óbvias sem nem sequer desconfiar.
Discordo. Pessoas de boa índole não são necessariamente pessoas tolas, sem discernimento e sem capacidade de identificar os perigos. Isso me remete a um pensamento corrente neste país – o de que ser honesto é sinônimo de ser otário. É o que nossos autores deixam transparecer em suas novelas, ainda que involuntariamente. De que adianta o bonzinho ficar subitamente esperto no último capítulo, se foi de uma estupidez comovente durante toda a história?
E ainda tem mais: geralmente os desleais são punidos com a morte ou a loucura. Muito cômodo, para quem passou aquele tempo todo destilando tonéis do mais puro veneno. (Acredito que este final deva ter uma explicação bem brasileira: a de que prender os vilões nada significa, já que a justiça e a lei logo os absolveriam, mediante uma gorda propina. Sendo assim, melhor exterminá-los de uma vez, para garantir que não voltarão.)
Embora não pareça, as novelas possuem sim, uma moral da história, onde se procura enfatizar que, no duelo entre o bem e o mal, o bem sempre vence e o mal é cruelmente castigado. Pena que isso só aconteça aos 45 minutos do
segundo tempo, depois de uma partida desanimadora.

Rafael (Eduardo Moscovis) e Ed (Caco Ciocler): bocós de carteirinha

sábado, outubro 01, 2005

Quem eu quero ser quando crescer


Herdei do meu pai o hábito da leitura, e não passo um dia sequer sem manusear um livro, uma revista ou um jornal – gosto de ler crônicas, colunas, biografias, ficção, tudo o que me cair nas mãos.
Quando criança devorava livros, engolindo avidamente cada parágrafo, já com a urgência do próximo volume. Agora prefiro digerir a leitura mais lentamente, saboreando cada palavrinha, absorvendo o vocabulário, a gramática, o texto propriamente dito e revelando suas entrelinhas.
Há escritores brasileiros a quem admiro, e que leio com um prazer redobrado, pois me fornecem um rico material para escrever, falar, pensar, raciocinar e formar opiniões. Sendo assim, não posso deixar de citar ao menos ALGUNS destes valorosos nomes – bastante conhecidos, aliás. Quando eu crescer, quero ser Martha Medeiros, Ruy Castro, Rubem Alves, Marina Colasanti, Lya Luft, Diogo Mainardi, João Ubaldo Ribeiro, Artur da Távola.