Blog by Dani

sexta-feira, janeiro 04, 2008

A insustentabilidade do sustentável

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Anteontem recebi um e-mail daqueles que eu costumo deletar sem nem abrir. Era de uma amiga que costuma mandar mensagens toscas em massa, e em quantidades enormes. Mas esse, eu, por acaso, resolvi olhar.
O título da mensagem era "2008 sustentável". Intuí logo que fosse algo de cunho "ecológico", e era mesmo. Parecia aquele comercial do Bradesco com a voz do Wagner Moura. Umas fotos lindas, com mensagens que apelavam à consciência de preservação do planeta... uma beleza.
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O detalhe é que eu discordo dessas campanhas "economize-água-apague-a-luz-proteja-as-baleias". Não vejo o menor sentido nisso. Dani, que pessoa horrorosa você é!!! Calma, pessoas. Não sou nenhum tipo de "anti-cristo" da natureza, não jogo papel no chão nem jogo pilhas na água dos riozinhos. Nem xixi na praia eu faço.
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Que a coisa está ficando feia pro nosso lado, todos sabemos. Em pouco tempo, pode ser que o ar do planeta fique irrespirável (como, aliás, em muitos lugares já está) e que, confirmando os piores medos da minha mãe, o mar engula Copacabana (e todo o resto que estiver próximo ao litoral de todos os países).
O que acontece é que eu acho que "uma andorinha só não faz verão". Ou todo mundo (todo mundo MESMO, no sentido do MUNDO INTEIRO) acorda para isso e faz alguma coisa, ou não adianta nada um só achar que está salvando o planeta.
Tem sempre quem diga a célebre frase "mas se cada um fizer a sua parte...". Pois é. Só que, se eu fizer a minha, quero ver todo mundo fazendo também, senão é trabalho de formiguinha. Se é preciso que nos privemos de várias coisas agora para que elas ainda existam no futuro, então isso deveria ser do interesse de todos.
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É como aquela pessoa que cuida para que o mosquito da dengue não se crie na sua casa, mas é picada pelo mosquito que veio da casa do vizinho que não fez nada.
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Outro dia, estava lendo sobre uma família brasileira residente nos Estados Unidos, que, imbuída de uma ingênua consciência ecológica, resolveu radicalizar e deixou de acender a luz em casa, descia sete andares de escada para não usar o elevador, não comprava mais livros nem usava mais papel higiênico, não andava mais de carro, nem possuía celulares ou televisores em casa. Nem brinquedos os filhos têm, em respeito à matéria prima com que são fabricados. "Que exemplo!", muitos podem pensar. Pois eu acho ridículo.
A intenção, é claro, é das mais nobres. Mas como o próprio artigo da revista deixa claro, a iniciativa é de uma inutilidade total. Enquanto eles deixam de ler, ver Sexy and The City, falar no telefone e se limpar, toda a vizinhança do prédio onde moram continua subindo e descendo de elevador, indo de carro a todos os lugares, falando no celular e usando quilômetros de Neve perfumado-estampado com folha dupla. Resultado: a supeconsciente família está fazendo papel de boba, no meio daquela vizinhança que nem sabe o que é coleta seletiva.
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Por isso é que eu acho que isso deveria partir de uma quantidade de pessoas que representasse alguma mudança significativa. E também não concordo quando as pessoas decidem se engajar nessas campanhas só por demagogia, para parecerem boazinhas e preocupadas. O assunto é sério, não há espaço para promoções pessoais. Se não pela extinção do mico-leão-dourado ou pelo derretimento das calotas polares, que seja pelo medo, pelo instinto de sobrevivência de cada um.
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Se temos que pensar nisso, que pensemos todos juntos.

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