Blog by Dani

domingo, outubro 16, 2005

Um estranho no espelho

(da série "Momentos Filosóficos do Blog by Dani")
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Crescer.
Pode haver algo mais estranho do que isso? O processo nos parece tão natural, que nem percebemos o quão assustador ele é.
Crescer nada mais é do que morrer sucessivas vezes, para renascer umas outras tantas.
Morrer é deixar de existir. E, ao crescermos, estamos deixando de existir como crianças – é a morte da infância, o fim de um período da vida. Nossa imagem infantil não mais será vista.
Renascemos então como adolescentes, e esta segunda chegada ao mundo é ainda mais atordoante do que a primeira – inseguranças, dúvidas, uma realidade nova se descortinando à nossa frente, como uma espécie de reencarnação. Olhamo-nos no espelho e concluímos: definitivamente, não somos mais o bebê desdentado do antigo álbum de fotografias. Temos um outro tamanho, uma outra aparência, outros interesses.
E quando finalmente começamos a nos acostumar com nosso novo visual, a sirene biológica anuncia pontualmente que é hora de “morrer” outra vez, para assumirmos uma nova versão de nós mesmos.
Largamos então a casca da adolescência e enveredamos pelo misterioso e multifacetado mundo adulto, em busca de novas identidades.
Seguimos tateando sem rumo, num cenário desconhecido, à espera do próximo capítulo. E do próximo personagem, que seremos nós mesmos, mas com um figurino diferente, interpretando um papel diverso.
Ainda assim, seremos nós, mesmo que o espelho já não nos reconheça.

6 Comments:

  • At 11:46 PM, Blogger Mr. San said…

    Não é uma idéia muito difundida, mas envelhecer (crescer) é uma arte! Um abraço, boa semana e, mais uma vez, obrigado pela visita ao meu blog.

     
  • At 7:56 AM, Blogger Unknown said…

    Como é difícil entender os mistérios da vida. Criar um universo fantástico apenas para isso que conhecemos, seria muito pouco e um enorme desperdício. Deve haver algo mais, além da esquina, sem dúvida.

    O 'morrer/renascer' é um desses mistérios. A memória genética não explica convincentemente algumas aptidões e conhecimentos que muitas crianças demonstram. Só vidas passadas poderiam ter contribuído para tal. Será?

     
  • At 8:21 AM, Anonymous Anônimo said…

    Oi Dani, obrigada por seu comentário no Mania, é sempre bom receber novos visitantes!
    Interessante que este seu post tem muito haver com a nova fase que vivo, afinal estou fazendo 40 anos esta semana...
    Beijinhos

     
  • At 5:19 PM, Blogger Leleco said…

    Na minha modesta opinião, a própria vida já é um mistério. Antes de nascermos somos a união do espermatozóide e do óvulo, algo por si só intrigante.
    Depois do nascimento vamos crescendo de tamanho, até atingirmos o auge, e depois envelhecer.
    Mas o nosso pensamento muda de acordo com nossa fase de vida.
    Tem uma coisa que penso em relação às fases da vida. Uma criança, por exemplo, não pensa muito na morte. Já um adulto, começa a temer a morte. Envelhece, e às vezes, isso é um procedimento difícil, causando dor emocional, medo do desconhecido.
    Não temos como brecar o nosso envelhecimento.
    Bom, às vezes tenho medo de envelhecer, e principalmente medo da morte, e meu único remédio é estar ao lado de quem mais gosto. Preciso dizer o nome, Dani? :-)
    Esse post está me fazendo pensar demais...realmente o espelho pode ser algo cruel, pois vemos a nossa contínua mudança e o nosso envelhecimento. Espero suportar bem todas as fases.

     
  • At 7:54 PM, Blogger Nelsinho said…

    Recém entrado pelos portões da chamada terceira idade, dou por mim não raras vezes me interrogando se realmente eu já superei a adolescência!...

    A gente vai queimando etapas pela vida fora, mas a experiência adquirida nem sempre é sinonimo de sabedoria para enfrentar o que se nos apresenta.

    Nelsinho

     
  • At 9:24 PM, Anonymous Anônimo said…

    Oi, Dani...o texto me deixou meio assim....sei lá...velha...rsrs...Mas se em cada traço, ruga ou em um pouco de morte tem uma experência nova, feliz, ou triste, vale a pena, né, não???
    beijocas
    Paula Reis

     

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