Blog by Dani

segunda-feira, maio 29, 2006

Um português nos trópicos

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No início deste mês, terminei de ler Equador, romance histórico do jornalista português Miguel Sousa Tavares.
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Num comentário de um post anterior, San me lembrou de que não comentei minhas impressões a respeito do livro - o que é uma falha, admito, já que a história é envolvente e as considerações são de fato indispensáveis.
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O livro foi traduzido em vários idiomas, e nas edições vendidas em países de língua portuguesa, foi respeitada a grafia original, a pedido do próprio autor. Encontram-se, portanto, vários termos de origem lusitana no texto, que, a despeito disso, não são de difícil compreensão.
Longe dos períodos longos e complicados de José Saramago, o romance é delicioso, estimulante e - em algumas passagens extremamente sensuais - bastante "apimentado". Os personagens são bem construídos, multifacetados e instigantes e a descrição das cenas e cenários é de uma extraordinária riqueza de detalhes.
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Para escrever Equador, o escritor visitou São Tomé e Príncipe, onde se passa a maior parte da trama. Foram 13 meses mergulhado dia e noite no romance - com um intervalo de cinco meses parado, em que recuperou sua energia criativa para dar prosseguimento às 200 páginas restantes (o livro tem 518 páginas).
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O amigo Nelsinho, que já o havia lido, fez referências ao inusitado desfecho - que eu, por motivos óbvios, evitarei comentar.
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Sinopse básica:
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"Equador", romance de estréia do jornalista português Miguel Sousa Tavares, transporta o leitor para a colônia portuguesa de S. Tomé e Príncipe, no ano de 1905. Para lá segue o protagonista, Luís Bernardo Valença, deixando para trás sua vida de luxo em Lisboa para uma missão patriótica como governador nas ilhas africanas, onde tem a espinhosa missão de convencer um enviado do governo inglês de que não há trabalho escravo nas roças locais. O livro é leve, para se ler num fôlego só. Com mais de 140.000 cópias vendidas em Portugal e traduções programadas para o grego, francês, alemão, espanhol, italiano e holandês.
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Sobre o autor:
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Miguel Sousa Tavares nasceu no Porto, Portugal. Abandonou a advocacia pelo jornalismo, até se entregar à escrita literária. Colunista do jornal Público e da revista Máxima, é comentarista da Rádio e Televisão de Portugal (RTP). Jornalista famoso e controvertido, é dono de opiniões fortes, trava polêmicas em vários campos: política, literatura, esportes e outros. Seu primeiro livro lançado no Brasil foi “Equador”, que obteve enorme receptividade entre o público leitor. O autor é filho da grande poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, falecida em 2004.
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Souza Tavares pretende escrever um novo romance, desta vez ambientado em terras brasileiras. Provavelmente, será uma obra tão rica e tão bem estruturada quanto Equador. Vamos aguardar.

sábado, maio 27, 2006

Mais pipoca

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Nem bem começou a passar no cineminha "50 polegadas" aqui da Terra de Marlboro, e eu e Leo corremos para assistir: X-Men - O Confronto Final.
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Para quem gosta de sofisticados efeitos especiais e dessas transposições do mundo dos quadrinhos para as telas, o filme é um prato cheio. Na verdade, até para quem, como eu, não liga muito para esse tipo de produção.
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Nesta terceira - e movimentadíssima - seqüência, foram mantidas algumas figuras principais dos outros dois filmes, mas novos personagens surgem (como o Fera, a Kitty, o Anjo, etc.), e outros ainda se transformam. Mesmo para quem não assistiu aos dois antecessores, é possível entender a história e os dramas de cada personagem, que vão se resolvendo no decorrer do filme.
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(Destaque para a impressionante forma física e os músculos de um bombadíssimo Hugh Jackman, que tomou anabolizantes para viver Wolverine neste terceiro filme.)
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X-Men - O Confronto Final fecha com chave de ouro a saga desses super-heróis dos quadrinhos e deixa algo no ar, que pode - ou não - dar origem a um novo filme.
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A título de curiosidade e, a quem interessar possa, aqui vai a sinopse e algumas curiosidades a respeito desta produção de 150 milhões de dólares:
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É descoberta uma cura para os mutantes, que agora podem optar por manter seus poderes ou se tornarem seres humanos normais. A descoberta põe em campos opostos Magneto (Ian McKellen), que acredita que esta cura se tornará uma arma contra os mutantes, e os X-Men, liderados pelo professor Charles Xavier (Patrick Stewart).
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- Inicialmente seria Bryan Singer, diretor dos filmes anteriores da série, quem dirigiria X-Men - O Confronto Final. Porém Singer decidiu dirigir Superman - O Retorno (2006), se disponibilizando a dirigir o 3º filme dos X-Men em seguida. Entretanto, como a Fox queria lançar o 3º filme da série em 2006, decidiu substituí-lo por outro diretor.
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- Após a saída de Bryan Singer foi contratado em seu lugar Matthew Vaughan, que acompanhou o desenvolvimento da produção e do roteiro mas desistiu do projeto apenas 9 semanas antes do início das filmagens. Vaughan alegou que não desejava trabalhar em um filme que teria uma agende de um ano inteiro, o que o afastaria de sua família.
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- Após a desistência de Matthew Vaughan é que Brett Ratner, que esteve cotado para dirigir o 1º filme da série, foi contratado para dirigir X-Men - O Confronto Final.
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- O ator Mike Vogel chegou a ser contratado para interpretar o personagem Anjo, mas teve que deixar o projeto devido a conflitos de agenda com outro filme em que estava trabalhando na época, Poseidon (2006).
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- A atriz Maggie Grace esteve cotada para interpretar a personagem Kitty Pryde, mas não pôde aceitá-la devido a conflitos de agenda com a série de TV em que trabalhava na época, Lost.
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- O ator Josh Holloway recebeu a proposta de interpretar Gambit no filme, mas não a aceitou por considerar o personagem muito parecido com o que interpretava na série de TV Lost. Posteriormente o personagem foi excluído do roteiro.
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- Foi construída uma réplica da Golden Gate com 762 metros, para a realização de uma cena.
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quinta-feira, maio 25, 2006

Cold as ice

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Não gosto do frio. Pelo menos, não do frio que faz aqui nas gélidas serras da Terra de Marlboro, onde invariavelmente (e inevitavelmente) me escondo.
Mas o frio tem lá o seu charme. Porque só mesmo no inverno podemos fazer aquelas coisas quem nem passam pela nossa cabeça nas altas temperaturas, como vestir sobretudos, acender lareiras, fazer fondue.

O verdadeiro prazer do inverno é evitá-lo. Já se perguntou por que, no alto verão carioca, as pessoas insistem em ligar o ar condicionado na potência máxima? Não é apenas para não sofrer com o calor. É justamente para sentir frio e poder puxar o cobertor...

Kit básico de sobrevivência para a próxima estação:
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Um cobertor bem quentinho
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Lareira acesa
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Um bom vinho
.Banho (bem) quente

Chocolate
.Fondue
.Casacão
. Protetor labial
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Capuccino

Beijinho e afins

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Bom frio pra vocês!

segunda-feira, maio 22, 2006

Política para iniciantes

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Nesse clima de empolgação “pré-Copa”, e com a reeleição de Lula dada como certa, nem sei se cabe sugerir um livro sobre política, a fim de que pelo menos uma minoria vote com uma certa consciência do que está fazendo. Eu, pelo menos, nem precisava tê-lo lido para chegar à conclusão de que, no Brasil, qualquer que seja o nosso voto, ele será sempre errado. Mas gostei do livro e respeito o autor, Rubem Alves – misto de poeta, filósofo e psicanalista.

O título em questão é Conversas sobre Política, que li em 2003, depois de ter lido Um Mundo Num Grão de Areia, do mesmo autor – por sinal, muito bom também.

Conversas sobre Política analisa de forma inteligente e agradável os meandros da politicagem e suas facetas e falhas; tece comentários relevantes a respeito da democracia e das várias formas de poder, valendo-se de metáforas para melhor exemplificar; fala, principalmente, da sucessão de erros aos quais estamos nos acostumando a assistir sem esboçar reação, e das verdades de nossa atual realidade.
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E, para quem pensa que o livro é um catatau contendo análises entediantes sobre assuntos chatos, engana-se: Rubem Alves tem a admirável capacidade de definir tudo de maneira clara, completa e atual utilizando-se, para tanto, de apenas 116 páginas. Curto, direto e eficaz.

Comentário da pessoa que me recomendou a leitura:
“Se eu tivesse lido este livro antes, nunca teria votado em ninguém”.

É ler para entender.

Visite o
site de Rubem Alves e conheça mais sobre este brilhante escritor!

sexta-feira, maio 19, 2006

Lançamento badalado

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Acabou o suspense.
Não podendo mais de tanta curiosidade, fui assistir a O Código Da Vinci no dia de sua tão esperada estréia. Ou seja, hoje.
Filas monumentais, ingressos esgotados e sessões lotadas. Mais um pouco e veríamos o filme em pé, nos corredores da sala de cinema. Preferia tê-lo visto em grande estilo, num cinemão no Rio, mas a ânsia de ver como a história de Dan Brown havia sido transportada para as telas foi mais urgente.
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Aboletamo-nos, eu e Leo, munidos de pipoca, coca light e Suflair, nas poltronas do confortável cineminha, e aguardamos pelo desenrolar das peripécias do professor Robert Langdon e da criptóloga Sophie Neveu.
[A reação negativa no Festival de Cannes e o clima polêmico em torno do best-seller de Dan Brown, no fim das contas, acabaram por se converter em marketing positivo para o lançamento mundial do filme.]
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Como eu havia previsto, o livro que dá origem ao filme é de fato melhor, pois contém todos os detalhes, e todos os elementos vão se encaixando perfeitamente ao longo da trama. Na versão cinematográfica, os fatos transcorrem atropeladamente, a história se desenvolve num ritmo frenético, e várias cenas foram suprimidas do filme. Dei por falta de muitas passagens e notei que algumas adaptações foram feitas, principalmente nas seqüências finais.
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Tom Hanks estava ótimo, mas me pareceu que seu talento poderia ter sido mais explorado (quem o viu em Náufrago talvez tenha a mesma impressão) e, na minha opinião, não houve química na dupla formada por ele e pela francesa Audrey Tautou.
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Na verdade, quando lemos o livro, o filme todo vai sendo mentalmente criado na nossa imaginação, e depois fica um pouco complicado aceitar a versão produzida para o cinema, tendo na cabeça uma idéia formada da história e de seu andamento.
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No cômputo geral, achei o filme bom e é sem dúvida bem interessante, mas para quem leu o livro parecerá sempre incompleto. A história foi contada meio que às pressas, sem que determinados fatos fossem devidamente esclarecidos. É claro que para obter um nível perfeito de detalhamento, o filme teria que ter umas quatro horas de duração, e isso, é claro, não seria possível.
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Portanto, para quem não leu o livro, mas pretende assistir ao filme, recomendo que leia - até mesmo para ter uma visão crítica do thriller, embora a comparação entre um e outro possa ser injusta, uma vez que é bastante difícil transpor um livro inteiro para a tela do cinema.
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De qualquer forma, é bom conhecer a trama original, para não ter a sensação de ter perdido alguma coisa.
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terça-feira, maio 16, 2006

Bilheteria milionária

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Dan Brown vai ficar rico. Ou melhor, mais rico do que já deve estar. O sucesso interplanetário do livro O Código Da Vinci chegará às telonas na próxima sexta-feira (19). Foi exibido hoje, pela primeira vez, como o filme de abertura do Festival de Cannes, e promete um estouro mundial de bilheteria.
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Estou ansiosa para assistir, embora tenha consciência de que, geralmente, o livro que deu origem ao filme é sempre melhor do que a produção feita para o cinema. Mas admiro Tom Hanks - considero-o um grande ator, é um dos meus preferidos - e gostei da história criada por Brown, principalmente pelo fato de a narrativa conter curiosidades a respeito de locais e obras de arte. Sem falar que os personagens serão interpretados por um elenco de peso: Jean Reno, Audrey Tautou, Ian McKellen, Alfred Molina, entre outros.
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Só não entendi muito bem a indignação demonstrada por certas entidades religiosas, que chegaram a processar o autor e queriam os livros fora das livrarias e do alcance dos leitores (no Líbano, o livro foi proibido).
E daí que Dan Brown disse que Maria Madalena era mulher de Jesus? E daí que ele disse que os dois tiveram filhos? E daí que os argumentos do autor pareçam até mais convincentes do que os que a Igreja pregou durante séculos?
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Talvez os "melindrados" tenham se esquecido de alguns detalhes: a princípio, a trama é uma obra de ficção, cujo desenrolar se dá num contexto religioso apenas para criar mais expectativa e gerar mais interesse. Além disso, o tempo da Inquisição já passou, e já não é possível queimar Dan Brown numa fogueira em praça pública - nem mesmo numa fogueira imaginária. E, se os religiosos têm tanta certeza de seus dogmas e da fidelidade de seu rebanho, por que temer que alguém os contradiga ou ameace, ainda que sem pretensões? Mas não vamos aqui discutir religião, porque eu estava mesmo era falando de cinema.
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Quem leu o livro, provavelmente terá curiosidade de ver o filme (eu, pelo menos, estou curiosíssima).
Quem não leu, também. Se não pela história, se não por Dan Brown, que seja então para ver que diabos fizeram com o cabelo de Tom Hanks.
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# Veja mais sobre o filme neste site aqui.
# Quer ver fotos de O Código Da Vinci? Clique aqui.
# Para saber tudo o que rolou no 59º Festival de Cannes, veja aqui.
# Será lançado, pela editora Sextante, o livro O Código Da Vinci - Roteiro Ilustrado. Confira.

domingo, maio 14, 2006

É a mãe!

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A todas as mães conhecidas e desconhecidas, verdadeiras e adotivas, reais e inventadas, e à mãe que um dia eu serei, desejo que todos os dias sejam Dia das Mães, com sentimento e significado que transcendam o marketing desta data fictícia.
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Mãe de mentirinha
. Mãe famosa
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Mãe menina
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Mãe gatona

Mãe postiça
. Mãe de primeira viagem
. Mãe parceira

Mãe de novela

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Super Mãe
.Mãe duas vezes
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Mãe...

quinta-feira, maio 11, 2006

A Lei dos Dois V's

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Se há uma coisa de que eu realmente não gosto é de emprestar livros e CD's, para quem quer que seja. E não pensem que é porque sou uma egoísta, chata, daquele tipo que não divide o pacote de biscoitos com ninguém. Muito pelo contrário: foi por ter sido sempre tão liberal neste sentido, que acabei chegando à conclusão de que certas coisas - além de marido, carro e dinheiro - não se deve emprestar .
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E o motivo é muito simples: o que eu emprestava, jamais via novamente. Algumas vezes, muito constrangida por ter de fazer isso, pedia o objeto de volta. Nem sempre era atendida, e acabava deixando por isso mesmo. E, quando acontecia de alguém, depois de muitos anos, lembrar de me devolver, a coisa voltava de um jeito que era melhor que nunca tivesse sido devolvida. Livros rasgados, engordurados, amassados, riscados, um lixo. Pareciam ter passado na "boca do lobo"! Os CD's vinham arranhados, com as capas quebradas e sujas, um horror. Aquilo me dava um desgosto...
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Para mim, emprestar passou a ser sinônimo de perder. Após um certo tempo, o folgado em questão devia achar que sou muito boazinha e nem iria perceber. Ou então que já tinha direitos sobre o objeto - uma espécie de usucapião.
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Decididamente, a tal lei dos "dois V's" (vai e volta), nunca funcionou para mim.
[Este meu estarrecimento se deve ao fato de que adoro livros e CD's, e procuro mantê-los sempre num bom estado de conservação, já que pretendo relê-los e ouvi-los em outras oportunidades. Nunca tive o hábito de ir à casa das pessoas e levar coisas emprestadas. Nas raras vezes em que isso aconteceu, devolvi na mesma semana ou, no caso dos CD's, no dia seguinte.]
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Após estas infelizes experiências, deixei de ter prazer de compartilhar com um amigo um livro de que gostei e que gostaria que ele lesse também, ou um dos meus CD's favoritos para que também ouvisse ou gravasse.
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Agora, como medida preventiva, evito comentar que tenho tal livro ou tal CD. Se, de qualquer forma, alguém bisbilhotar na minha estante e quiser algo emprestado, eu não empresto. Eu DOU. Pronto, é seu, para sempre. Afinal, se é para nunca mais ver, ou ter de volta em péssimas condições, que fique de presente para quem se interessou.
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Tudo bem, agora podem me chamar de insuportável.
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domingo, maio 07, 2006

Tu, piniquim. Eu, ropeu.*

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Domingo à noite. Passo pela sala e o pessoal está assistindo ao Fantástico. Dou uma olhada. É uma matéria sobre gangues de pichadores em São Paulo e em Brasília, que emporcalham fachadas de prédios, muros e tudo o que encontrarem pela frente. Os repórteres entrevistam os fulanos, e eu só posso concluir uma coisa: são doentes. Quem, em sã consciência, quer ver as paredes da sua cidade sujas com inscrições insanas? Só mesmo estes dementes, que não gostam de ambientes limpos e bem cuidados, e que parecem não ter nada melhor para fazer.
Não passam de primitivos e, na minha opinião, este nível de ignorância só pode ser patológico.
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Dou uma circulada pela casa e, quando volto, a matéria é na Suíça.
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Maurício Kubrusly mostra algumas curiosidades do país, onde se falam três idiomas: francês, italiano e suíço. O sistema de transportes públicos é impecável. Os trens são muito confortáveis, limpíssimos. Há até o que eles chamam de "vagão do silêncio", onde não é permitido conversar, falar no celular ou ouvir música. É para aqueles que gostam de viajar em paz. As cidades são limpas, as pessoas andam muito bem vestidas e a vida é muito organizada.
A gente até se sente meio palhaço, por ter nascido num país de Terceiro Mundo e viver em tão péssimas condições de saúde, educação, segurança, etc. e tal.
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Kubrusly disse então que tudo lá "é muito certinho". Não concordo. Não é que lá seja tudo muito certinho. Aqui é que está tudo errado.
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Logo em seguida me aparece a Regina Casé, em mais uma incursão às favelas cariocas, cercada de uma gente chumbrega cantando uns funks deprimentes.
Só para me lembrar que isso aqui está (muito) longe de ser um país de primeiro mundo.
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* Do poema Tu e Eu, de Luís Fernando Veríssimo.

terça-feira, maio 02, 2006

A dieta do bom senso

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Não sou adepta de dietas, e mantenho minha forma e minha saúde apenas buscando uma alimentação equilibrada e variada - mesmo por que, discordo de quase todos os métodos para emagrecer utilizados, porque muitos deles priorizam a estética, em detrimento da saúde.
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Dieta da proteína, dieta da lua, dieta disso, dieta daquilo. Qualquer um pode inventar uma dieta maluca, escrever um livro e vender milhares de exemplares, principalmente numa época em que o culto ao corpo perfeito é uma verdadeira obsessão. Perde-se água, massa muscular e, pouco tempo depois, a pessoa volta a engordar. Sou, portanto, contra esses modismos que podem até afetar a saúde das pessoas.
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Por outro lado, sou totalmente a favor da reeducação alimentar, que não seria tão fundamental se as crianças, desde bem pequenas, já fossem educadas para os bons hábitos alimentares.
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Já perdi as contas das vezes em que vi os pequenos se enchendo de gorduras saturadas nos Mc Donald's da vida, com a total anuência dos pais, que preferem não ter o trabalho de preparar algo mais saudável para os filhos. Erro grave, gravíssimo, por sinal. Estes maus hábitos na infância poderão gerar conseqüências posteriormente. Estão, na verdade, abreviando a saúde e até mesmo a existência de seus próprios filhos, que poderão vir a desenvolver problemas sérios como hipertensão arterial, diabetes, altas taxas de colesterol e obesidade. À falha na alimentação soma-se ainda o sedentarismo, fator recorrente nas útimas gerações.
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Isso sem falar dos refrigerantes e dos sucos artificiais, que mães desinformadas ou irresponsáveis despejam todos os dias goela abaixo dos baixinhos. Nada de suco natural, de leite, mingau ou sopinha. Nada de maçã raspadinha ou banana amassada com aveia e mel. Permitem que a criançada se afogue em copos de coca-cola, fanta ou então que se lambuze com sorvetes e milk-shakes que são açúcar e gordura pura. Se nem para os adultos isso faz bem, que dirá para as crianças.
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Aliás, as pessoas, em geral consomem gordura e sal em excesso. Há quem use duas latas de óleo por semana! Fritam ovos, pastéis, batatas, carnes e embutidos submersos no óleo, tornando estes alimentos verdadeiros venenos à mesa. Não é necessário usar tanto assim, principalmente quando se pode refogar os alimentos com uma colher de sopa de óleo ou simplesmente prepará-los no vapor, sem um pingo de gordura.
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Tudo bem, tudo o que tem muita gordura ou açúcar é também muito gostoso. Sanduíches, molhos cremosos, doces, etc. são opções tentadoras, mas que só satisfazem àquela fome que eu chamo de "fome ocular", ou "olho grande", para simplificar. São quase sempre pobres em nutrientes, e pouco acrescentam para o perfeito funcionamento do organismo.
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O sal, outro perigoso vilão, também é usado indiscriminadamente. Quando em excesso, além de aumentar a pressão, pode ser o causador de problemas renais.
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Em suma, comer sem critério é um perigo. Isso nada tem a ver com contar calorias a cada biscoitinho. Tem a ver com saúde, responsabilidade, bem-estar e cuidado - consigo mesmo, com os outros e principalmente com as crianças.