Blog by Dani

domingo, outubro 02, 2005

A moral da história


Numa postagem anterior, ao mencionar a escassez de programas interessantes na tv aberta, declarei que a minha paciência para acompanhar os folhetins está se esgotando. Porém, vez ou outra tento assistir a algumas cenas isoladas, apenas para me inteirar do andamento das histórias e apreciar a atuação dos atores, mas alguns detlhes acabam por me deixar indignada. E se há uma coisa que me tira do sério em novelas, é o comportamento dos “mocinhos” da história no desenrolar da trama.
Todo roteiro inclui em sua dinâmica a ala boazinha e o núcleo de vilania. Nada mais básico para desenvolver um enredo: os vilões bolando um sem fim de estratégias maléficas para atrapalhar a felicidade dos bem-intencionados. Teoricamente, o que se deseja mostrar é que, no fim das contas, quem age mal acaba pagando caro por isso. Mas por que SÓ NO FIM?
Alguns diriam que assim tem mais graça, pois gera mais expectativa em torno do final feliz. Quanto mais sofridos os “mocinhos”, maior será o alívio de, no final, vê-los caminhando juntos e felizes num campo florido, iluminados por um sol primaveril, etc e tal.
Mas, até que isso aconteça, serão necessários 7 ou 8 meses de muitos desencontros, artimanhas e problemas, ingredientes-padrão fundamentais para o desenvolvimento de uma trama de sucesso. O que me desagrada é o tom que os autores dão aos personagens da turma dos bons samaritanos. Os infelizes deixam-se enganar de uma forma quase infantil, e são de uma ingenuidade que beira a mais completa burrice. Enquanto isso, os malfeitores pintam o diabo com os parvos, que não suspeitam das armações mais manjadas. A mensagem oculta por trás destas características, no meu entender, é que todo indivíduo de bom coração é potencialmente um idiota, sempre prestes a cair nas ciladas mais óbvias sem nem sequer desconfiar.
Discordo. Pessoas de boa índole não são necessariamente pessoas tolas, sem discernimento e sem capacidade de identificar os perigos. Isso me remete a um pensamento corrente neste país – o de que ser honesto é sinônimo de ser otário. É o que nossos autores deixam transparecer em suas novelas, ainda que involuntariamente. De que adianta o bonzinho ficar subitamente esperto no último capítulo, se foi de uma estupidez comovente durante toda a história?
E ainda tem mais: geralmente os desleais são punidos com a morte ou a loucura. Muito cômodo, para quem passou aquele tempo todo destilando tonéis do mais puro veneno. (Acredito que este final deva ter uma explicação bem brasileira: a de que prender os vilões nada significa, já que a justiça e a lei logo os absolveriam, mediante uma gorda propina. Sendo assim, melhor exterminá-los de uma vez, para garantir que não voltarão.)
Embora não pareça, as novelas possuem sim, uma moral da história, onde se procura enfatizar que, no duelo entre o bem e o mal, o bem sempre vence e o mal é cruelmente castigado. Pena que isso só aconteça aos 45 minutos do
segundo tempo, depois de uma partida desanimadora.

Rafael (Eduardo Moscovis) e Ed (Caco Ciocler): bocós de carteirinha

7 Comments:

  • At 5:02 PM, Blogger Unknown said…

    Dani,

    Você liquidou o jogo no primeiro minuto. Disse tudo!

    É a grande vantagem de quem gosta de ler.

     
  • At 5:47 PM, Anonymous Anônimo said…

    Os mocinhos da trama sempre são castigados durante a novela inteira. Só em um capítulo e meio do fim, dão a volta por cima, deixam de ser otários. E os vilões? Triunfam em toda a história, aproveitando os bens materiais, enquanto os mocinhos choram, e no final, morrem. Pelo menos viveram melhor que os mocinhos...rs
    Essa é a nossa televisão.
    Para mim, não há coisa que preste na televisão ultimamente. O melhor programa de todos é: A Grande Família. Isso porque mostra o cotidiano de uma família de subúrbio, sem comrpomisso com a realidade total dos fatos.
    As novelas dão uma falsa impressão da vida real. A vida real é totalmente distorcida. Os personagens soam falsos.

     
  • At 2:16 AM, Anonymous Anônimo said…

    Injustiça... Concordo quanto ao desenrolar das histórias... Mas acho que a maior injustiça é aquela cometida contra ao se passar a idéia de que a loucura é um castigo para as pessoas más... Erro grotesco pensar assim... Essa saída mágica da dramaturgia só piora a situação de pessoas inocentes do mundo real... Formam uma imagem que só piora o dia-a-dia delas que já é tão triste por natureza.

     
  • At 10:46 AM, Blogger Micha Descontrolada said…

    olá, vim retribuir sua visita e gostei mto do seu blog tb.
    pois é, eu já to estressada com o Rafael, um verdadeiro idiota..ehehe


    °o¤o°`°o¤o,¸¸,o¤o°°°o¤o,¸¸,o¤o°`°o¤o

    TEM TEMA PRA

    POST COMUNITÁRIO

    NO AR

    BEIJOS E ÓTIMA SEMANA.


    °o¤o°`°o¤o,¸¸,o¤o°°°o¤o,¸¸,o¤o°`°o¤o

     
  • At 11:43 AM, Anonymous Anônimo said…

    Realmente uma eterna subjugação da nossa inteligência e uma inversão de valores extrema...
    Excelente escolha das fotos dos dois zé goiabas do momento... que ingenuidade nada! É burrice mesmo! Será que eles escrevem cartinha pro papai noel também?

     
  • At 2:15 PM, Blogger Kali said…

    Oi! Puxa, que blog legal, menina! Gostei muito. Tanto que te ofereço este selinho. Se quiser colocar aqui, fique à vontade. Sem qualquer compromisso, pois não sou nenhum expert em blogs. É a apenas a expressão de uma opinião sincera, nada mais, acredite. E qualquer semelhança com o programa do Raul Gil é mero preconceito haha.

    Parabéns pelo aniversário de 1 mês. A lojinha vai progredir, tenho certeza.

    Uma honra receber uma visita como a sua. Beijos.

     
  • At 11:03 PM, Anonymous Anônimo said…

    Rangel....Hein!? hã!? Cuma!?

     

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