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Ultimamente tenho usado muitas metáforas.
Sempre me perguntei quem as teria criado, e com que finalidade.
Agora entendo. Algumas coisas são muito duras ou difíceis de se dizer em sua forma crua, original. E as metáforas agem como eufemismos mais complexos, capazes de traduzir a vida de uma forma mais poética.
Descobri que me sinto mais à vontade fazendo uso desses recursos do que exprimindo as verdades claramente. Algumas verdades, quando ditas assim, na lata, parecem tão banais...
Dar a elas um sentido mais fantasioso faz com que pareçam mais expressivas, mais cheias de significado.
E hoje, especificamente hoje, eu me sinto como quem sai de uma tempestade, daquelas com raios, ventos, mini furacões. Ainda meio encharcada, enlameada, cansada de procurar abrigo, mas disposta a encontrar um lugar seco para passar a noite.
Não tenho aonde ir, ainda ando sem destino. A casa em que eu morava foi sendo demolida pouco a pouco, e um dia, quando eu vi, já estava na rua, à mercê das intempéries. Enquanto o tempo estava bom, eu me aquecia no sol e ia levando. Mas um dia o tempo mudou, vieram as chuvas, os ventos cortantes, o granizo.
Acabei me dando conta de quantas pessoas se encontravam nesta mesma situação, mas muitas parecem perfeitamente adaptadas. Conformadas, inclusive. Pois eu não me acostumo com isso, recuso-me a levar esta vida vazia, enfrentando uma tormenta por dia. Nem sempre faz sol, mas mesmo quando faz, eu fico ansiosa, aguardando pelo próximo dilúvio. Mesmo nos dias mais luminosos há sempre o perigo iminente de uma tempestade.
É difícil viver num clima tão inóspito.
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