Blog by Dani

sábado, junho 27, 2009

Sobre a imortalidade

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Há sons que nos trazem uma lembrança muito viva dos anos 80 e 90. Especialmente a música, que é sempre uma referência forte para épocas e fatos. E há pessoas que achamos que nunca morrerão um dia.
No caso dele, sua própria figura é a memória de períodos tão marcantes, ainda que tenha sofrido mudanças rápidas e perceptíveis a cada aparição.
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A pele cada vez mais clara, o nariz cada vez mais fino, o rosto encovado e a aparência frágil denunciavam um interior sensível e frustrado. No museu, sua imagem em cera parecia mais viva e saudável do que ele próprio.
Acompanhamos as denúncias, os escândalos envolvendo crianças, os casamentos, os julgamentos. Muitas vezes, o mix antagônico de trauma e sucesso geram comportamentos inesperados, incompreensíveis e misteriosos.
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A verdade é que nunca soubemos o que de fato ele era: um gênio, um louco, um pedófilo, um racista, o quê? Sua mente parecia ser demasiadamente complexa, e isso se convertia em um modo de ser bastante excêntrico. Sim, ele era muito estranho. Fazia coisas estranhas. Era viciado em analgésicos, fazia plásticas sucessivas, e nunca pareceu estar satisfeito com o que via no espelho. Na verdade, era sua imagem interna que ele vinha tentando mudar.
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O fato é que em nenhum momento essa estranheza afastou seus fãs, ou os fez desdenhar de seu talento e de seu sucesso. Pelo contrário, parecia causar um fascínio ainda maior. As pessoas não o enxergavam como um esquisitão viciado em Demerol, mas como o carismático rei do pop, o grande dançarino, cantor, compositor, artista; ele era o criador de Thriller, Bad, Billie Jean, Beat it, Black or White, We are the World, Remember the Time, Give in to Me, só para citar alguns do inúmeros sucessos que imortalizaram esta criatura etérea, da qual na realidade sempre soubemos tão pouco.
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É estranho pensar que Michael Jackson morreu.

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