"América": considerações finais

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Estou contando os dias para que a novela América termine. Felizmente, este que considero um fracasso da teledramaturgia brasileira, está a apenas alguns dias do fim. Foram raras as vezes em que consegui assistir a um capítulo inteiro. E nem era preciso: no dia seguinte, várias cenas eram repetidas, pois eram quase os mesmos diálogos e a mesma problemática, sem nenhum fato verdadeiramente novo.

América é o tipo da novela que, se deixarmos de assistir por uma semana ou duas, ao retomarmos a audiência constataremos que está tudo na mesma.

Vejamos o saldo geral extraído de minhas observações:

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# O namorico de Neuta (Eliane Giardini) com Dinho (Murilo Rosa) não saiu do lugar, e as cenas dos dois mais pareciam flashbacks de capítulos anteriores. As frases Tô crazynho de love pela senhora ou A senhora é muito very beautiful eram pronunciadas em praticamente todos os diálogos entre o peão e a viúva do Sinval.

# Outro relacionamento que não saía do lugar era o de Haydée e Tony (Christiane Torloni e Floriano Peixoto). Quando ele se afastava, ela ligava desesperada, alegando precisar dele. Quando ele virava a esquina de Miami e voltava para o Brasil, ela então o rejeitava com seus trejeitos neuróticos, para logo em seguida surrupiar algum badulaque no shopping. Haja paciência – minha e do Tony.

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# A voz sussurrante de Deborah Secco torturou meus ouvidos, e considerei sua atuação absolutamente medíocre. O romance de Sol com o Tião (Murilo Benício) também não convenceu, não houve química entre os atores.

# Nina (Cissa Guimarães) passou a novela inteira falando de apenas um assunto: seu amor não realizado. Tornou-se chata, reincidente e egoísta, pois só falava de si mesma. Com o “dedo podre” que tem para homens, não duvido nada que o recém-surgido Pedro Paulo (Werner Shünemann) também seja casado.

# A exagerada inocência de Ed (Caco Ciocler) indignou muitas pessoas, e seu comportamento crédulo em relação às artimanhas da May era de matar de raiva.

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# May, por sua vez, apesar da ótima atuação de Camila Morgado, foi uma vilã caricata, de desenho animado. Era a Cruela Devil do horário nobre.

# Mari (Camila Rodrigues), a irmãzinha da Sol, protagonizou cenas da mais comovente burrice. Acreditava tolamente em tudo o que Alex-Roberto (Thiago Lacerda) lhe dizia, chegando ao ponto de levar-lhe uma Bíblia na prisão e prestar falso testemunho para ajudá-lo. Bobona.

# Irene, personagem de Daniela Escobar, não teve outra função na história senão proferir palavras fúteis e gastar o dinheiro do marido. Se excluíssem seu papel, nem faria diferença.

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# E que função tinham as três afilhadas de Neuta (Detinha, Bebela e Penha)? Não consegui descobrir.

# Nas cenas ambientadas no Rio, a praia ficava a uma quadra de Vila Isabel e Miami era logo ali, no próximo ponto. Tirando a Sol, que só chegava a Miami a pé ou de barquinho, os outros personagens iam e voltavam de lá num estalar de dedos.

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# O pessoal da pensão de Consuelo (Cláudia Gimenez) também teve papéis meramente decorativos. Perderam-se talentos como o de Roberto Bonfim, Guilherme Karam e Rosi Campos em verdadeiras “pontas”, que em nada interferiam na história.

# Absolutamente inexpressiva, Simone Spoladore não conseguiu fazer sua Helô ganhar vida. O par formado com Rodrigo Faro também não funcionou, e a dupla passou praticamente despercebida pelo horário das nove.

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# A passagem de Tião pelo “Além” teve cenas exaustivamente longas e arrastadas. O cenário e aqueles números circenses ao fundo me lembravam a microssérie “Hoje é Dia de Maria”, com direito a Creusa (Juliana Paes) fantasiada de diabo e tudo. Mais absurdo, impossível.

Resumindo: não gostei da novela. Nem da história, nem dos personagens, nem da forma como a trama foi conduzida. Na minha opinião, foi um fiasco de Glória Perez, que eu jamais veria no Vale a Pena Ver de Novo.