Vou te contar...
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Não é novidade para ninguém a minha falta de paciência para televisão, especialmente para novelas. Se vejo a das nove é porque ligaram a tv naquele horário, ou porque estava passando por ali e não tinha nada melhor para fazer. Porque ser fã de novela - principalmente se a história é tosca - eu não sou. Já gostei mais de novela, é verdade. Mas agora que a criatividade dos autores já vai longe, prefiro estar também longe da televisão na hora em que Fátima Bernardes diz o seu "boa noite". (Na verdade, eu nem assisto ao Jornal Nacional, pois não acredito mais naquele casal de Pinóquios. Prefiro o Jornal da Band.)
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Quando Páginas da Vida começou, logo de cara eu não me interessei. Houve quem dissesse que era preciso esperar pelo andamento da história, que era cedo para emitir uma opinião a respeito, etc. e tal. Pois bem. Eu esperei. Não vi todos os capítulos, nem todas as cenas dos capítulos que vi. Mas após um mês, já posso dizer que, para mim, esta é uma "página" virada. Ô novelinha chata! A música de entrada é sensacional, as trilhas instrumentais são muito boas, mas o enredo não se parece em nada com o que o há de melhor no currículo do autor. Maneco parece ter perdido a mão.
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O que são aqueles papos entre Carmem (Natália do Vale) e as irmãs? Nunca vi tantas mulheres fúteis e vazias juntas na minha televisão! Só falam de homem, sexo, filhos, besteiras de todo tipo. Será que não daria pra falar uma coisinha inteligente que fosse? Ainda falta comentar sobre Danielle Winits, naquele papel de filha-da-empregada-que-pensa-que-vai-casar-com-o-filho-do-patrão. Talvez case mesmo no fim da novela, mas até lá seguirá se oferecendo para todo mundo e entrando de bicona no meio da patronagem. Já não gosto da atriz, menos ainda do personagem.
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A histeria de Anna (Deborah Evelyn) não incomoda só ao marido e à filha. Aquilo me dá nos nervos. Mais um pouco e até eu vou começar a detestar balé. O personagem é forçado, esganiçado, tresloucado e obsessivo. Quebra o padrão de "naturalidade" que sempre foi a marca das tramas de Manoel Carlos.
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Nem citei ainda as caras, bocas e risadas escandalosas de Ana Paula Arósio, que também passa todo o tempo segurando a barriga. Nem aquele chatíssimo relacionamento de amor e ódio entre Isabel (Vivianne Pasmanter) e Renato (Caco Ciocler).
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A cara de broa amassada que Regina Duarte faz em algumas cenas é lamentável. E o tipo cafajeste de José Mayer já está mais do que batido.
A mórbida mania de matar personagens e perder dias mostrando o cadáver em todos os ângulos também está passando dos limites. E enfiar Glória Menezes e Fernanda Vasconcellos dentro de um caixão foi bizarro. Pior do que isso, só com algodão no nariz.
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Posso dizer que, na minha opinião, salvam-se as atuações de Lília Cabral e do talentoso Marcos Caruso, que é por quem ainda paro por alguns minutos na frente da tv.
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Agora, o que realmente me deixa passada é o conceito de "pobreza" de Manoel Carlos. Pelo que pude entender, quem está bem de vida mora no Leblon. Já quem anda meio pendurado, vendendo o almoço para comprar a janta - pasmem -, mora na Gávea ou em outros bairros da zona sul do Rio.
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Dia desses, a sebosa personagem de Sthefany Brito vira-se para o primo e diz: "Estou cansada de você, desse seu quarto imundo, dessa sua pobreza!!!". Numa cena adiante, ficou claro que o moço morava num apartamento de três quartos na Gávea, mesmo com o pai desempregado.
Como eu não conheço nenhum pobre que more num apartamento de três quartos na Gávea, nem mesmo de aluguel, presumo que Maneco esteja esclerosando. Principalmente depois que deixou passar aquele depoimento infame, que deixou o Brasil todo boquiaberto. Não só aquele como todos os outros depoimentos podiam ser suprimidos.
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Quando a novela termina, e aparecem aqueles quadros com cenas do próximo capítulo, vem bem a calhar o pedaço de Wave cantado por Daniel e Luiza Jobim...
13 Comments:
At 1:06 AM, Mr. San said…
O interessante é que as análises sobre as novelas costumam ser infinitamente melhores do que as novelas em si. Os valores que plasmam as novelas não se restringem aos enredos. Talvez seja por isso. Um grande abraço, Dani.
At 6:14 AM, Anônimo said…
O que me impressiona, mas eu moro em Genebra há muito tempo e só tenho acesso à Globo internacional, é a docilidade com a qual o publico se submete a tanta estupidez em horário mais do que nobre. Fico imaginando pelo menos os telespectadores do Leblon assistindo a qualquer outro programa no horário da novela. Será qe isso já não faria uma diferença na qualidade da proxima, ou até encurtaria a atual?
Gosto muito muito muito do seu site: belo trabalho o seu, Dani.
At 9:44 AM, Leleco said…
Dani,
Talvez a culpa não seja do Maneco. A Globo vem pedindo a seus autores, tramas e diálogos mais simples, para o povão entender. É o retrato da ignorância que está se proliferando...
Eu vejo a novela por causa do Marcos Caruso e da Lília Cabral, que como você bem disse, estão dando um show de interpretação.
Não poderia deixar de elogiar a música, pois assisto a novela para escutá-la. É incrível que não enjoa...
Mil Beijões, meu amor,
Leleco
At 10:13 AM, Anônimo said…
Bom dia Dani! olha, já vi trabalhos melhores do Manoel Carlos,mas continuo assistindo Páginas porque quero acompanhar a virada de 2001,época que se passa a novela para o atual,quem sabe muda alguma coisa no enredo,sei lá...e o que prende por enquanto é a interpretação da Lília e do Caruso...
beijos
At 5:59 PM, Taia said…
Eu comecei me assustando com a novela e já estou amando.
Tudo.
A falta de pobres, a Regina Duarte, a irmãs...TUDO MESMO!
Tudo ficção, tudo fantasia, mas para mim um ótimo entretenimento, bom para falar no dia seguinte, para discutir a falta da pobreza, a falta de caráter de certos personagens e compara-los a pessoas reais.
E eu queria ter um caso com todos os personagens do josé Mayer, não é a toa que meu marido se parece com ele, eu acho um tesão!
At 7:01 PM, Jôka P. said…
Gosto muito da novela, adoro o núcleo das ricas e lindas, todas chiques e fúteis, com são as mulheres que não passam por sufocos.
Adoro o fato de não ter pobres, de todos os cenários serem bonitos, até o hospital ! É novela, Dani ! Coisa só pra distrair, sem pretensões literárias.
Já tentou ver Bicho do Mato ou aquelas coisas que chamam de novela lá no SBT ??? Então dá uma sacadinha, só pra ver o que é ruim MESMO !!! Você é coerente em sua crítica, é inteligente como sempre. Mas pensa bem, Dani... televisão e novela, ninguém é obrigado a ver,né ? Aliás, ninguém é forçado a ver nada ! Só olha quem quer.
Eu gosto e vejo.
Mas como gosto até de Superpop, não sirvo de exemplo pra bom gosto, né ?!
Um beijo dessse seu amigo-blogueiro-cafona
e parabéns por manter esse blog super-bem cuidado, um dos melhores de todos.
JôkaP.
:D
At 11:05 PM, Michel said…
Novelas...fui.
At 11:22 PM, Luci said…
Dani, eu detestei a novela no primerio capítulo. Coisa de doido! mas depois de acompanhar os resumos da Fal, agora assisto todos os dias... com um olhar cada vez mais crítico e debochado!
no capítulo de hoje, lá onde mora a fotógrafa, tem umas palmeiras (só o tronco) no meio da rua... 100noção!
mas quer se divertir com esta história non-sense? leia o blog da Fal!
bjs!
At 9:00 AM, Bruna said…
Por essas e outras que eu prefiro ir pra faculdade a noite.
Gostei da sua análise e concordo qto à atuação da Lilian Cabral e do Marcos Caruso. Pelas duas ou três cenas que vi, eles estão ótimos.
Acho que, mais uma vez, a Globo (ou mesmo o Maneco) vendem idéias falsas de realidade...o pior, é que o povo compra.
At 2:25 PM, Anônimo said…
Vc falou tudo! Adoro essa música da abertura... mas essas novelas... tenho preferido ver filmes na tv fechada. Jornal Nacional é uó... assisto os jornais dos outros canais (record, band...).
bjos!
At 6:08 PM, Barbara Lucas said…
uau
tb acho uma m. esta novela
chata
chata
chata
várias vezes
chata
At 11:51 PM, Anônimo said…
Em relação a novela, sou como vc... só vejo quando estou na cozinha, comendo e a minha mãe liga a tv. Acho que a única coisa que presta é a personagem da Lília Cabral que já estão querendo fazer de vilã. Por que vilã ? Só por que ela é realista ? O marido não tem emprego, ela sustenta todos, o marido pegava o dinheiro da comida das crianças e gastava no bar... ela se mata pra pagar um curso pra filha e esta, arruma um namorado e não conta nada pra ninguém. Engravida e volta pra casa com o barrigão achando que a família tem que ficar feliz? A filha traiu a mãe e a família, a partir do momento que escondeu tudo de todos !!!! Eu hein, ela é realista, isso sim...e muitas coisas que a personagem fala/pensa são coisas que muito pensam mas não falam por medo de parecerem ruins !!!!
At 9:23 AM, Anônimo said…
Dani,
Gostei da sua crítica, e concordo com o Leleco tb, quando diz q talvez a culpa seja da Globo em querer q seus autores sigam uma certa linha de produção.
Assisti uns dois ou três capítulos nas férias, e de qq forma é mais uma novela pobre.
um ab e ótimo findi!
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