Ressaca pós-eleição

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Tremenda canseira. Um dia depois das eleições, encontro-me ainda descadeirada. Aquela cadeirinha de pau deixa minha coluna em frangalhos. Isso sem falar dos problemas decorrentes de uma eleição grande. Pauleira total. Com cinco cargos a serem escolhidos, a votação no local onde exerço meu "dever cívico" é razoavelmente penosa.

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- Na "minha" seção, há vários eleitores analfabetos, que desconhecem também os números.
- Há um eleitor analfabeto E surdo-mudo, que não conhece nem letras, nem números, nem palavras.
- Há aqueles que sequer entendem em quantos candidatos devem votar.
- Há os preguiçosos, que querem protocolar justificativa estando em seu próprio domicílio eleitoral.
- Há os bêbados que, cambaleantes e com bafo de onça, tentam entrar na seção para votar.
- Há os folgados, que levam crianças grandes no colo para passar à frente na fila.
- Há os mais folgados ainda, que pegam emprestada a mesma criança para também passar à frente na fila.

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No decorrer da votação, vi os nomes mais estapafúrdios. Em toda eleição eu topo com eles nos cadernos e no microterminal, mas acabo esquecendo. Deveria anotá-los. Ontem, o troféu "nome do dia" foi para Raimunda Luzivanda.

Na minha seção, também os mesários atendem por nomes complicados : "Steffanie", "Tuanny", "Wendel" e um exótico "Kaciano", assim mesmo, com K e C.

A maior parte dos eleitores é de origem pobre, o que talvez explique este fenômeno. Estas pessoas costumam ser extremamente "criativas" na hora de batizar seus filhos.

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E é impressionante como podem ser manipuláveis.

Um dos eleitores com dificuldades para votar me pediu ajuda. Geralmente eu mesma ofereço auxílio quando percebo que a pessoa está levando muito tempo para digitar os números, porque muitos têm vergonha de pedir. Pois bem, fui ajudá-lo. Ele me perguntou em quem eu achava que ele deveria votar. Aleguei que não deveria influenciá-lo de forma alguma. Mas eu poderia. Os políticos sabem disso, e se prevalecem dessa fragilidade ideológica. Eu, como presidente de seção, abstive-me de comentários, dentro ou fora da sala..

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De uns anos para cá, a Justiça Eleitoral fornece às seções uns lanches um pouco mais decentes. Mas nunca nem belisquei estes lanches - apenas assino o recebimento.

Ainda lembro quando, na primeira vez em que fui mesária, recebemos a "refeição": tratava-se de uma banana, uma maçã e duas balas. Juquinha.

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Pois é, minha gente. Pensa que "trabalhar na zona" é moleza? Além de ficar o domingo inteiro encerrado numa sala, o mesário ainda entra em contato direto com os indicativos das maiores mazelas brasileiras.

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