Charges da discórdia

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Nesta semana, doze charges - dez delas com caricaturas do profeta Maomé - receberam a alcunha de "charges da discórdia", por terem provocado reações exageradas por parte dos países muçulmanos. Bandeiras dinamarquesas foram pisoteadas, incineradas e pintadas com gestos considerados ofensivos pelo mundo árabe. Claras ameaças foram feitas aos países que teriam publicado as ilustrações, e embaixadas foram incendiadas.

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A disputa sobre as charges de Maomé faz parte de uma série de confrontos culturais similares entre o Islã e o Ocidente, começando pela sentença de morte decretada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini contra o escritor britânico Salman Rushdie, cujo livro Os Versos Satânicos o líder espiritual do Irã considerou "blasfêmia" em 1989. Em 2004, o cineasta holandês Theo van Gogh foi assassinado a tiros e facadas por um jovem muçulmano ofendido com seu filme Submissão, que critica o tratamento dado às mulheres nas sociedades islâmicas.

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O que me admira é que, em pleno século XXI, ainda se tenha notícia de fatos desta natureza, motivados pelo extremo fanatismo religioso e - mais do que isso - por uma insaciável sede de sangue e vingança.

Os dois fatores estão interligados, e há séculos o Oriente Médio é palco de constantes conflitos e guerras, que são cometidos em nome de uma religião cujos preceitos parecem não ter sido bem elaborados ou não ter sido corretamente interpretados por seus seguidores.

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A revolta devido às caricaturas, publicadas primeiramente por um jornal dinamarquês e depois em outros países, disseminou-se pelo mundo muçulmano. Um dos desenhos mostrava o profeta Maomé com um turbante em forma de bomba. O Islã proíbe qualquer representação do profeta.

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O diálogo fica difícil com quem se recusa a aceitar que as escolhas humanas possam estar acima das leis que considera emanadas por seu deus.

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A publicação dos desenhos foi como mexer num vespeiro: é preciso muito pouco para que os fundamentalistas decidam deflagrar uma nova guerra, pois, ao que parece, quando não há uma razão, eles mesmos incumbem-se de criá-la.

Como se isso não bastasse, eles não possuem o menor senso de humor.

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Fontes: Veja Online / Terra Notícias

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