Liberdade
Boa fotografia, bons atores, boa trilha sonora. É triste, mas com passagens bem-humoradas, e simples, embora bem-feito. Na minha opinião, estes são os melhores filmes, pois geralmente o que é essencial habita na simplicidade. Efeitos visuais, muitas vezes, servem para encher os olhos e camuflar enredos fracos que não nos dizem nada.
O tema principal do filme é polêmico, sempre gera discussões, mas é abordado de maneira sensível, humana, tocante. E cumpre seu papel – emociona e nos leva à reflexão.
Ramón Sampedro (Javier Bardem) é tetraplégico há mais de vinte anos e luta pelo direito de deixar de viver.
O personagem deseja a própria morte, pois não considera como “vida” a sua existência vegetativa. Não se conforma com sua deficiência, pois antes do acidente que o levou a perder os movimentos, fora um homem livre, cheio de energia, que viajou o mundo todo como marinheiro.
No meio da história, um padre, tentando demovê-lo da idéia de morrer deliberadamente, diz-lhe que não há liberdade sem vida. Ao que ele, então, levanta o outro lado da questão: e o que é a vida sem liberdade?
Tramas dramáticas costumam ter o poder de nos fazer pensar mais profundamente, extraindo mensagens importantes e aplicando o que vemos dentro de uma ótica puramente pessoal.
Enquanto acompanhava emocionada o desenrolar da história, pensei a respeito do conceito de liberdade, que era parte integrante da argumentação principal, mas que pode ser analisado separadamente, sob um outro prisma.
A impossibilidade de se fazer o que se quer não é uma peculiaridade somente dos portadores de deficiência física. Há também uma “inércia psicológica”, que pode nos restringir os passos e as iniciativas, deixando-nos sem ação e oprimidos diante de determinadas situações.
Tantas vezes desejamos mudar algo em nossas vidas e nos vemos de mãos atadas, enredados em uma série de empecilhos e desiludidos por obstáculos que parecem intransponíveis. Queremos “sair do lugar”, levar nossos sonhos adiante e não conseguimos – não por limitações físicas, mas pelas limitações circunstanciais que a própria vida nos impõe.
Percebi que muitas vezes eu mesma fiz como Ramón: olhei pela janela e me imaginei “voando” por sobre as estradas e os campos, colocando-me em outras paisagens e em outras circunstâncias, desejando viver e fazer outras coisas, estar em outros lugares.
É impressionante como algumas coisas que vemos, lemos ou ouvimos têm a capacidade de nos transmitir tão claramente certas mensagens, e de nos deixar dias ‘ruminando’ sobre elas.
Foi, sem dúvida, um belo filme, e com um forte significado.
14 Comments:
At 1:06 AM, Mr. San said…
Pois é justamente na "inércia psicológica" que a idéia de "vida sem liberdade" costuma se desvirtuar e levar à autodestruição. É um tema que deve ser tratado com cuidado, especialmente com os jovens (lembra-se do polêmico suicídio em Sociedade dos Poetas Mortos?). Um grande abraço e obrigado por ler seis posts seguidos em meu blog. :o)
At 10:54 AM, Anônimo said…
Complicado mesmo. Já quis ser livre muitas vezes; mas todas as vezes que pensava isso acabava me prendendo às coisas e às pessoas ainda mais.
Beijo. Bom domingo.
At 12:27 PM, Leleco said…
Dani,
Lindo filme. Lembro que antes de alugarmos, ainda estava receoso de vê-lo. Mas me surpreendi com o filme. Filme brilhante, emotivo e sincero.
Não pude esconder as lágrimas em certas partes do filme, de tanto que me tocou fundo.
Isso mostra o quanto é polêmica a nossa vida.
Concordo quando diz sobre a inércia psicológica. Às vezes nos sentimos de mãos e pés atados, impossibilitados de resolver nossos problemas. Mas isso é a vida.
Bela música. Não poderia ter escolhido música mais adequada. Linda música e lindo post.
Mil Beijões, meu amor
At 9:40 PM, Anônimo said…
Nossa, Dany, tô doida pra ver esse filme há tempos, mas depois do seu post, vou vê-lo o mais rápido possível. E muito obrigada pelo cartão virtual, amei!! Te desejo um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo, que seu fim-de-ano seja maravilhoso! Beijocas linda!!!
At 10:42 PM, Anônimo said…
Dani!
Tenho um amigo secreto diferente no meu blog...
Abs
At 9:28 AM, Anônimo said…
Eu namoro ele na Locadora mas ainda não peguei, quem sabe agora eu me convença!
Beijos
At 11:47 AM, Chris said…
Nossa, Dani! Parece ser um filme muito bonito e profundo mesmo. Deu para sentir a emoção lendo este texto...
Malhar é bom sim, mas sempre bate aquela preguiça, né? :-))))
At 12:01 PM, Sérgio said…
Ótima dica..quando puder vou assistí-lo.
A liberdade nem sempre somos nós que a fazemos, mas também não é menos verdade que nos prendemos em demasia por motivos que poderíamos suplantar.Algumas algemas nós temos as chaves, mas as vezes temos medo de usá-las.
Beijo
At 12:32 AM, Anônimo said…
Com certeza vou assistir assim que puder.
Ótima semana!
Abraços
At 9:51 AM, Lyly said…
Bom da Dani !
Depois eu volto com mais tempo para ler e opinor sobre o post.
Beijocas e tenha um belo dia.
At 7:48 PM, Anônimo said…
Dani
Passei para te agradecer por ter se lembrado de mim e te desejar um natal com muitas felicidades e harmonia.
Lembrei de você lá no meu blog.
Tudo de bom
Um forte abraço
At 1:30 PM, Anônimo said…
Estou sem palavras. Estava mesmo precisando ler esse seu texto. Obrigada.
Beijos e Feliz Natal.
At 8:09 AM, Nelsinho said…
Tudo de bom e muita paz nesta Natal!
Nelsinho
At 1:50 PM, Chris said…
Onde vc mora? Eu não sei onde fica a Terra de Marlboro... sabe como é, né? Sou meio lerdinha... :-))))
Um feliz Natal para você! Tudo de bom...
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