Blog by Dani

sábado, outubro 13, 2007

Homens de Preto

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Fui ao cinema assistir Tropa de Elite. Talvez eu tenha sido a única pessoa no estado do Rio (e da galáxia) que não tenha visto o filme antes de sua exibição "oficial", já que toda a torcida do Flamengo comprou o dito cujo pelas mãos de algum camelô. Mas eu queria ver o filme na íntegra, e, pelo que andei sabendo, o Tropa de Elite genérico nada mais era do que um "rascunho" da versão final que chegou às telas.
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Pois bem. Fui ao cinema ver o tão badalado filme, munida da indefectível pipoquinha do Palácio (para quem não conhece, o Palácio é um tradicional cinema do Rio), da coca light e do Leo, que foi a segunda pessoa do estado do Rio que não viu o Tropa do camelô.
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É claro que sempre vai aparecer um espírito-de-porco para proclamar os direitos humanos dos fascínoras e dizer que bandido deve ser tratado a pão-de-ló. Para estes, eu digo que o que eles chamam de "chacina", eu chamo de "faxina". Nunca foi tão gratificante ver o Wagner Moura varrendo os traficantes à bala, esfolando mauricinho chapado e fazendo a assepsia da cidade. Acho que é o sonho de todo carioca, pelo menos na atual conjuntura.
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O filme, não se pode deixar de dizer, foi muito bem produzido. A interpretação visceral e irretocável de Wagner Moura e as situações mostradas tornam a trama assustadoramente real, talvez por sabermos que é quase isso. As cenas são fortes, mas o tom quase bem-humorado impresso à narrativa e aos diálogos, de certa forma suavizam o espetáculo bélico.
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A atuação do BOPE, embora possa ter suas falhas, é vista como exemplar no momento complicado que vivemos, pois sua missão é justamente exterminar a bandidagem e desmantelar esquemas de tráfico de drogas e armas, principalmente. No filme, os "caveiras" são mostrados como incorruptíveis, mas é provável que esta seja justamente a parte ficcional do filme.
Os atores e a produção do filme garantem que o Capitão Nascimento (Moura) não deve ser visto como herói, pois esta "não é a leitura que eles têm do personagem". Mas quem mora no Rio ou em qualquer outro canto do país assombrado pela violência quer uma tropa de "caveiras" combatendo a criminalidade. As pessoas se mostram satisfeitas ao fim da sessão, mesmo após aquele banho de sangue mostrado nas cenas. A razão é simples: a segurança pública é precária e conivente, e permite que a violência nos espreite por toda parte, principalmente do alto dos grandes observatórios que se tornaram as favelas. E também não tem essa frescura de chamar favela de "comunidade carente". Isso é hipocrisia, um eufemismo totalmente desnecessário. Favela é favela, e ponto. Carentes somos nós, de segurança e de honestidade. Por isso louvamos as ações do filme: queremos justiça, queremos que alguém nos defenda.
O único problema é que o trabalho dos caras é como enxugar gelo: eles matam dez vagabundos hoje, amanhã surgem cinqüenta. Tudo o que é ruim se prolifera como baratas no lixo.
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O filme também escancara a corrupção e toda a sorte de bandalheiras da polícia militar convencional, a quem os policiais do BOPE chamam "pés-de-cão"; mostra o penoso treinamento de guerra a que são submetidos os "candidatos" a caveira e nos coloca praticamente dentro do cotidiano daqueles homens de preto para quem "missão dada é missão cumprida".
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Na esteira do filme, comprei Elite da Tropa, o livro que deu origem à versão cinematográfica e que agora, em virtude do grande sucesso do filme, está vendendo que nem pão quente. Sua leitura, aliás, é reveladora, perturbadora e o que é pior - verdadeira. Sabe aquelas coisas que você achava que a polícia fazia para ganhar dinheiro? É ainda mais sórdido do que se pode imaginar. Envolve o tráfico e os políticos de um modo geral, em um nauseante jogo de interesses tecido numa trama na qual todos têm de sair beneficiados, seja qual for a maneira suja que encontrarem para atingir seus objetivos.
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Agora, a polícia está intimando o diretor do filme e os autores do livro para que deponham e prestem esclarecimentos a respeito da produção do longa. O Leo escreveu sobre isso AQUI.
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Veja outras curiosidades sobre o filme aqui.

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7 Comments:

  • At 3:46 PM, Blogger Leleco said…

    Dani,

    A polícia, assim como qualquer outra instituição pública, já está domindada pela corrupção. Mas o que assusta é que ela foi feita para reprimir o crime, e não para praticá-lo.

    Concordo com você sobre a "faxina"...rs

    Me faz lembrar da Chacina da Candelária. Um dos sobreviventes era o assassino do ônibus 174. deixá-lo vivo foi um erro, e deu no que deu.

    Bandido só matando mesmo...e policial corrupto também...rs

    TE AMO, MEU AMOR!!!

    Mil Beijões, princesinha linda,
    Leleco

     
  • At 3:49 PM, Blogger Leleco said…

    Dani,

    Quero fazer uma errata...rs

    Um dos sobreviventes da Chacina da Candelária não assassinou o ônibus 174, e sim a vítima, que foi fatalmente assassinada com um tiro disparado por um PM, por uma situação criada pelo meliante.

    Nesse caso eu assassinei a gramática...rs

    Mil Beijões, amor,
    Leleco

     
  • At 11:13 PM, Blogger Jôka P. said…

    Dani, vi a cópia da cópia da cópia do pirata de 3 Real, já tem um tempão.
    Gostei, é bem legal, mas achei o Wagner Moura muito magricelo, branquelo e langüenzo pro papel... ele se esforçou, mas não me convenceu.
    Bj!

     
  • At 7:14 AM, Blogger Mr. San said…

    Oi, Dani! Também assisti ao filme neste final de semana e, em breve, comprarei o livro.

    Já estou vendo na internet muita gente "machucada" (embora tentem fingir que não) com a exposição dos maconheirinhos universitários que depois fazem passeatas pela paz, etc. e tal.

    Acho que o filme colocou legal o dedo numa ferida do país que não cessa de sangrar. E quanto a isso, pouco importa o que o diretor ou os atores venham a falar daqui pra frente. O recado já está dado (e muito bem dado) pela fita.

    Só espero que, quando sair o DVD oficial do filme, não coloquem nos extras nenhum discurso ou documentário politicamente correto para suavizar e agradar a turma dos "direitos humanos" ou dos que são a favor da legalização das drogas como uma "saída" para o problema no Brasil (dentre eles, muita gente ligada ao meio artístico).

    E, comentando o comentário do Leo, não foi um cara do Bope (e não da PM) que falhou na desastrosa operação do ônibus 174?

    Um grande abraço e tudo de bom.

     
  • At 4:24 PM, Anonymous Anônimo said…

    eu vi a versão "piratex" e estou doida pra ir ao cinema ver o original, pq a produção é mto foda e merece meu $$$.

    concordo com vc..todos nós, cariocas, necessitamos de uma faxina geral desses bandidos q tiram nossa segurança.


    /(,")\\
    ./_\\. Beijossssssssss
    _| |_.................

     
  • At 3:57 PM, Anonymous Anônimo said…

    Dani, vc faz resenha de filme para jornal? Tô chocada com a sua crítica... profissa! Não vi o piratão, porque não tive estômago. Eu tenho mesmo que ver no cinema, porque ali eu sou absorvida pela tela. Em casa, eu amarelo. Rola uma campanha pra pagar 2 entradas, para compensar o prejuízo da pirataria (e nossa conivência com ela). Vou tentar ser "macha" e desembolsar vinte e poucas pratas...

     
  • At 7:58 AM, Blogger Unknown said…

    Dani,

    Eu assisti ao filme em partes, no YouTube. Concordo com tudo que você brilhantemente escreveu.

    Grande abraço para você e Leleco.

     

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