As mentiras que os homens contam
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Na verdade, Brasília foi a materialização de sua imensa vaidade, e custeada com verba externa – o que, como já podem imaginar, foi o que colaborou generosamente para o aumento da impagável dívida externa brasileira, cujos juros já nascemos devendo. JK não tinha mãos a medir, e fazia empréstimos vultosos para pôr em prática a obra faraônica, mentalizada por sua megalomania, que pregava os tais “50 anos em 5”. Pode-se dizer que, de certa forma, atingiu seu objetivo: gastou em 5 anos o que se gastaria em 50.
Na minissérie, porém, Juscelino é pintado com as cores suaves da honestidade e da correção – ao contrário de Carlos Lacerda (interpretado pelo ator José de Abreu), que no mesmo programa adquiriu ares de lunático praguejador, inimigo número um do “progresso” brasileiro.
Lacerda era um homem inteligentíssimo, e enxergava longe. Anteviu tudo o que hoje se desenrola na capital, e não se intimidava com ameaças: dizia tudo o que pensava, inclusive através de seus artigos na Tribuna da Imprensa. Chegou a sofrer um atentado, cujo saldo foi um tiro no pé. Ele era uma espécie de Diogo Mainardi, só que bem mais feroz e contundente.
Infelizmente, neste país, quem enxerga demais não é rei, e ainda convive com a fama de vilão – pelo menos em minisséries da Globo.
Quando a nova capital foi finalmente inaugurada, funcionários públicos do Rio foram enviados para lá, sob novas condições salariais – a chamada dobradinha – e ganhariam o dobro de seus salários. O presidente distribuía cartórios e fazia a população acreditar que o Brasil vivia uma época de ouro, que poderia ser considerada o ápice do desenvolvimento nacional.
Ledo engano. Toda esta aparente pujança estava sendo bancada com dinheiros que não nos pertenciam e que nos enredariam para sempre numa dívida trilionária.
Hoje, do ponto de vista político, Brasília é um viveiro de corruptos, o núcleo da bandalheira no Brasil. E ainda pagamos por sua construção – segundo a revista Veja, um bebê brasileiro já nasce devendo 5.400 reais de juros da dívida externa.
Agradeçam ao doutor Juscelino Kubitschek por isso.
O Brasil, desde a sua mais remota existência, parece ter uma incrível necessidade de fabricar heróis – talvez, justamente, por carecer destes – e iludir seu povo a respeito da vida e do caráter de certos personagens que fazem parte do “imaginário” popular.
Um exemplo disso, e que acompanho pela TV, é a minissérie JK, na Rede Globo, brilhantemente protagonizada por José Wilker e que chega ao fim nesta semana. O roteiro é praticamente uma ode ao “presidente bossa-nova” e - o que considero mais grave - não possui um compromisso fiel com a história e com o que de fato se passou nos bastidores de seu governo.
O que se procura mostrar nesta pseudo-biografia é um Juscelino prático, ousado, pé-de-valsa e sociável – o homem que construiu uma nova e moderna capital para o país em poucos anos, num desterro barrento nos confins do Brasil - como se ele tivesse sido um arrojado político, com idéias revolucionárias que tencionavam fazer do Brasil uma verdadeira potência.
Nos meus livros de História do ensino fundamental já havia claras referências ao esbanjamento e às suas conseqüências no governo Kubitschek, uma extravagância que nos custou muito caro – e nos custa até hoje.
Um exemplo disso, e que acompanho pela TV, é a minissérie JK, na Rede Globo, brilhantemente protagonizada por José Wilker e que chega ao fim nesta semana. O roteiro é praticamente uma ode ao “presidente bossa-nova” e - o que considero mais grave - não possui um compromisso fiel com a história e com o que de fato se passou nos bastidores de seu governo.
O que se procura mostrar nesta pseudo-biografia é um Juscelino prático, ousado, pé-de-valsa e sociável – o homem que construiu uma nova e moderna capital para o país em poucos anos, num desterro barrento nos confins do Brasil - como se ele tivesse sido um arrojado político, com idéias revolucionárias que tencionavam fazer do Brasil uma verdadeira potência.
Nos meus livros de História do ensino fundamental já havia claras referências ao esbanjamento e às suas conseqüências no governo Kubitschek, uma extravagância que nos custou muito caro – e nos custa até hoje.
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Na verdade, Brasília foi a materialização de sua imensa vaidade, e custeada com verba externa – o que, como já podem imaginar, foi o que colaborou generosamente para o aumento da impagável dívida externa brasileira, cujos juros já nascemos devendo. JK não tinha mãos a medir, e fazia empréstimos vultosos para pôr em prática a obra faraônica, mentalizada por sua megalomania, que pregava os tais “50 anos em 5”. Pode-se dizer que, de certa forma, atingiu seu objetivo: gastou em 5 anos o que se gastaria em 50.
Na minissérie, porém, Juscelino é pintado com as cores suaves da honestidade e da correção – ao contrário de Carlos Lacerda (interpretado pelo ator José de Abreu), que no mesmo programa adquiriu ares de lunático praguejador, inimigo número um do “progresso” brasileiro.
Lacerda era um homem inteligentíssimo, e enxergava longe. Anteviu tudo o que hoje se desenrola na capital, e não se intimidava com ameaças: dizia tudo o que pensava, inclusive através de seus artigos na Tribuna da Imprensa. Chegou a sofrer um atentado, cujo saldo foi um tiro no pé. Ele era uma espécie de Diogo Mainardi, só que bem mais feroz e contundente.
Infelizmente, neste país, quem enxerga demais não é rei, e ainda convive com a fama de vilão – pelo menos em minisséries da Globo.
Quando a nova capital foi finalmente inaugurada, funcionários públicos do Rio foram enviados para lá, sob novas condições salariais – a chamada dobradinha – e ganhariam o dobro de seus salários. O presidente distribuía cartórios e fazia a população acreditar que o Brasil vivia uma época de ouro, que poderia ser considerada o ápice do desenvolvimento nacional.
Ledo engano. Toda esta aparente pujança estava sendo bancada com dinheiros que não nos pertenciam e que nos enredariam para sempre numa dívida trilionária.
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Hoje, do ponto de vista político, Brasília é um viveiro de corruptos, o núcleo da bandalheira no Brasil. E ainda pagamos por sua construção – segundo a revista Veja, um bebê brasileiro já nasce devendo 5.400 reais de juros da dívida externa.
Agradeçam ao doutor Juscelino Kubitschek por isso.
13 Comments:
At 1:26 PM, Leleco said…
Dani,
Adorei o post. Mostra a verdade dos fatos.
É incrível como Rede Globo conta uma história distorcendo os fatos e os personagens.
Jk foi o principal culpado pelo crescimento da dívida externa, e como você bem disse, Brasília foi contruída com dinheiro vindo de fora.
Acho que Brasília só serviu mesmo para distanciar a grande massa popular(Rio-SP) do "quartel general da safadeza e da corrupção".
Hoje Brasília é um antro nojento, lugar onde vemos centenas de "raposas felpudas" se alimentando com nosso dinheiro suado. Com o mar de dinheiro que foi utilizado na construção, poderíamos ter feito coisas produtivas neste país, mas isso não é possível nessa terra.
Jk foi quem deu início a mamata que vemos hoje, e até hoje procuramos uma luz no fim do túnel.
Bom, melhor parar por aqui, pois construiria um post dentro de um comentário...rs..
Lindo post, música e fotos.
Mil Beijões, amor
At 6:13 PM, Anônimo said…
É complicado... cada um mostra a história da maneira que for mais conveniente, né?
bjos!
At 8:02 PM, Angela Ursa said…
Olá, Dani! Realmente, a Globo está passando uma imagem do Juscelino como "o homem perfeito". Mas o Lacerda também não era nenhum santo, era um grande oportunista, que apoiou os militares na ditadura pensando em ser eleito. Beijo da Ursa
At 9:04 AM, Anônimo said…
Quando eu vejo a Minisérie eu penso justamente isso "estão mostranto o lobo em pele de cordeiro"...
Beijos
At 11:03 AM, Alba Regina said…
dani...ora veja só...outro dia caí no alma carioca e vc está lá com texto seu...postei uma foto deles lá no pérolas e ontem o timoneiro, que vem a ser o paulo afonso teixeira, responsável pelo alma me escreveu...respondi...pois então, ele e meu pai era mt amigos e há textos do meu pai no alma...êta mundo pequeno! Meu pai era um expert em carlos lacerda, sabia tudo, absolutamente tudo sobre ele e, se estivesse vivo com certeza ficaria muito irritado com a forma como ele está sendo personificado. quanto a brasília e jk, perfeito!!! exatamente dani...no pérolas contei logo quando estreou uma "discussão" entre JK e meu avô. se estamos no caos, estamos pq este megalômano começou a cavar nosso buraco....um beijo. e, como sempre belo texto dani! beijos!!!!
At 11:09 AM, Anônimo said…
O Jk quebrou a Previdência Social, Dany. Foi ele o responsável pela anarquia que o país se encontra nesse sentido... Muito triste...
Abs
At 11:59 AM, Jôka P. said…
Gosto da mini-série, apesar de ser romanceada. A direção de arte é das mais belas que já vi na televisão, tudo mostrado com muito bom gosto.
A fidelidade histórica nunca é seguida na dramaturgia, ela deve ficar nos livros de história.
Dramaturgia é arte.
História não.
Parabéns pelo cuidado e bom gosto com que sempre faz seu excelente blog, Dani !
Jôka P.
At 5:29 PM, Anônimo said…
Parabéns!
Gostei do espaço e do assunto!
Realmente existe muita coisa por trás de tudo o que o existe de verdade!...
Voltarei mais vezes por aqui!
O assunto é inteligente!
At 8:46 PM, Micha Descontrolada said…
eu parei de ver a minisérie qdo mudou pra josé wilker..ahaha
nada contra ele, mas é pq eu voltei a trabalhar, e o horário é mto tarde.
hoje meu post é no http://miscelaniasa.blogspot.com/
vá direto pra lá.
e não esqueça que amanhã é dia de post comunitário. conto com sua participação.
beijosssssssssss
At 8:09 AM, Unknown said…
Dani,
Muito lúcida e corajosa a sua colocação. As organizações Globo, que contribuiram para a demolição do Monroe e tantas coisas nefastas que aconteceram neste país, usam o imenso poder que têm para fazer a história como lhes interessa no momento.
Parabéns!
At 11:29 AM, Jôka P. said…
Dani,
fiquei muito emocionado com o último capítulo de JK !
At 12:26 PM, Luci said…
Dani, perfeito!
ainda vou falar sobre JK x globo!
bjs!!!
At 7:20 PM, Anônimo said…
Clap, clap, clap!
Ótimo post!!!
Incrível como a Globo consegue "alterar" o nosso passado através da minissérie, criando mocinhos e bandidos (oh-oh, acho que estou lendo demais o "1984" de George Orwell...). Não faz muito tempo eu comentei com meu namorido sobre esse lance da dívida e do nosso ex-presidente, e ele duvidou de mim!
Eu já não assistia mesmo essa porcaria (agora menos ainda, a TV queimou, hahahaha), mas depois o povo fica aí, idolatrando o Kubitschek como se ele fosse o presidente acima do bem e do mal. Só na ficção mesmo!
http://cafofodamieko.zip.net
http://abolsadamulher.zip.net
http://labellmidis.com.br/blog
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