Blog by Dani

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Até o ano que vem!

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Como devem saber, nunca fui muito fã das festas de fim-de-ano. Do Natal, gostei enquanto fui criança. Já o Ano Novo jamais me entusiasmou muito – ao contrário, sempre me deixou meio “deprê”.
Acho válidas as comemorações, as festas, acho bonito todo mundo vestido de branco. O fato é que o reveillon não tem muito sentido para mim. Parece haver uma conspiração da mídia para obrigar todos a serem felizes e esfuziantes nesta data, e considero este movimento um tanto forçado.

Já me disseram que o ano só “vira” de verdade é no dia do nosso aniversário, pois é quando realmente mais um ano terá passado em nossas vidas. Sendo assim, eu, que nasci em 20 de agosto, estou em abril no meu calendário cronológico.

Já não faço mais as clássicas ‘promessas de fim-de-ano’, aquelas que fazemos mesmo sabendo que não poderemos cumprir. Pelo menos, não planejo mais coisas impossíveis, ou que não estejam dentro de condições de viabilidade rápida, como: “neste próximo ano, vou sair de casa e montar meu próprio apartamento” (dadas as circunstâncias, muita coisa precisa acontecer antes para que isso se torne possível) ou “em 2006 vou ganhar na Loteria” – o que é absolutamente improvável, pois nem jogar eu jogo.
Fico, portanto, comprometida apenas com os pequenos sonhos do dia-a-dia, pois dessas pequenas realizações cotidianas é que se derivam as alegrias mais puras. Posso me dispor a ler um livro, assistir a um filme, ou a uma peça, ou a conhecer um lugar novo. Isso, com certeza, irá me proporcionar um enorme prazer, pois está dentro das coisas que gosto e que fazem meus dias melhores, mais ricos, mais alegres.

Talvez o segredo da felicidade seja não querer encontrá-la o tempo todo, e em coisas distantes. Talvez seja não prometer a si próprio coisas inatingíveis, o que gera frustrações e faz nossa vida andar três casas para trás.
Buscá-la no que há de mais simples vale mais a pena, porque traz mais resultados positivos. E, de momento em momento, vai-se construindo um ano ou uma vida de felicidades, como numa colagem de episódios memoráveis.
É certo olhar para o futuro e desejar que ele seja melhor. Mas para que AQUELE sonhado futuro chegue, ainda é preciso viver aquele “futurinho” que está logo ali adiante, daqui a um minuto.

Por isso eu desejo a todos os amigos que conheci este ano, através deste blog, que em 2006 vivam e aproveitem cada um de seus minutos, produzindo seus futuros da melhor forma possível. Tenham um Feliz Ano Novo e até o ano que vem!

Se acredita em horóscopo, veja aqui as previsões astrológicas para o próximo ano.

Para conhecer simpatias para entrar em 2006 com o pé direito, entre aqui.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Reforma do Maracanã

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Pegando carona mais uma vez na revista Veja*, onde sempre "garimpo" matérias interessantes, publico hoje dez curiosidades sobre a reforma que está sendo feita no estádio Mário Filho, mais conhecido como Maracanã.
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1 Iniciada em abril, a obra visa a adaptar o Maracanã para os Jogos Pan-Americanos de 2007. O estádio será reaberto ao público em 22 de janeiro, com o clássico Vasco versus Botafogo pelo campeonato estadual.

2 A inauguração será parcial. A reforma só dever ser concluída no fim de 2006.

3 A principal mudança ocorrerá na área da geral, o setor de ingressos mais baratos do estádio, onde os torcedores ficavam de pé. Ela sai definitivamente de cena e em seu lugar serão instaladas de 13 000 a 18 000 cadeiras. Falta decidir se haverá assentos nas áreas localizadas atrás dos gols.

4 Para se ajustar ao nível das novas cadeiras, o gramado foi rebaixado 1,5 metro. Quem visita o Maracanã já pode vê-lo pronto. E até levar um pouco para casa. Pedaços de gramado são vendidos como suvenir por 15 reais (7 dólares).

5 A obra prevê ainda a construção de outras duas rampas de acesso, para as ruas Professor Eurico Rabelo e Mata Machado. Banheiros e lanchonetes também passam por uma faxina geral. As cabines de rádio e TV serão duplicadas – de dezoito passarão para 36 – e distribuídas em dois níveis.

6 Um circuito de câmeras de segurança será instalado no estádio. Ao todo serão sessenta câmeras espalhadas por corredores, rampas e arquibancadas.

7 O estacionamento vai ter sua capacidade dobrada. Após a reforma, serão 4 000 vagas.

8 No fim dos anos 40, a construção do Maracanã custou 240.000 cruzeiros antigos, arrecadados com a venda antecipada de cadeiras cativas e perpétuas. A obra atual consome 75 milhões de reais, pagos com recursos do governo do estado.

9 Assim que o estádio estiver pronto, o canteiro de obras será deslocado para o Maracanãzinho. A reforma se estenderá por todo o complexo, incluindo o Parque Aquático Júlio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros. Serão mais 41 milhões de reais em obras.

10 Inaugurado em 1950, o Maracanã foi projetado para receber 155 000 pessoas. Chegou a totalizar 183 341 na partida Brasil versus Paraguai, em 1969. Para seguir as normas de segurança, o estádio que já foi o maior do mundo encolheu ao longo dos anos. Agora terá entre 90.000 e 95.000 lugares.
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* Retirado da revista Veja Rio (edição de 21 de dezembro de 2005).

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Natal é...

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Estou novamente participando de um POST COMUNITÁRIO, cujo tema proposto pela Micha, do Carpe Diem, é: O QUE O NATAL SIGNIFICA PARA VOCÊ? E, dentro deste tema, aproveito para contar uma história ocorrida há vários anos, num dia 24 de dezembro.


Enquanto fui criança, o Natal era uma época mágica, em que eu quase podia ‘ver coisas’, com aquela minha incrível imaginação infantil, inundada de ilusões.
Escolhia um brinquedo e escrevia ao Papai Noel, e na manhã de Natal, ia conferir, trêmula e emocionada, se o velhinho bacana havia deixado algo para mim nos sapatos que eu havia posto na janela.

Se havia uma coisa que eu detestava, era sentar no colo dos Papais Noéis de shoppings ou lojas, pois “sabia” que aqueles eram apenas imitações grosseiras do “original”, impostores mesmo. Ora, o Papai Noel verdadeiro era uma celebridade, não ficaria se expondo por aí, tirando fotos e oferecendo pirulitos! Além do mais, tinha um em cada esquina, o que comprovava minha “teoria”: o legítimo velhote morava mesmo era lá no Pólo Norte, cercado de elfos e renas, e só passava pelo Brasil nas noites de Natal, quando deixava brinquedos nos sapatos de menininhas boazinhas como eu!

A infância passou, as fantasias passaram também. Papai Noel já não deixava mais presentes nos meus sapatos – não porque eu tivesse deixado de ser uma menina boazinha, mas simplesmente porque eu já não lhe escrevia mais cartas, nem colocava mais meus sapatinhos no peitoril da janela.

Já adulta, passei a enxergar o Natal como uma data puramente comercial, em que as lojas são invadidas por legiões de consumidores ávidos por comida, bebida, roupas e presentes.
É claro que ainda há um certo significado ‘afetivo’ para mim nas noites de Natal, o que inclui a farta mesa preparada pela minha mãe – que nunca deixa faltar vinhos, frutas secas, rabanadas, os deliciosos pudins, o indefectível bolinho de bacalhau e os panetones feitos por ela mesma. E, como não poderia deixar de ser, a presença dos amigos.

Mas não posso dizer que não tive Natais emocionantes após a infância...


Um conto de Natal (verdadeiro e emocionante)

Todo 24/25 de dezembro, passamos o Natal com uma família de amigos muito queridos (pai, mãe e filha). Desde antes de eu nascer, meus pais comemoram a data ao lado deles, e não se pode imaginar a ceia sem que estejam presentes. Pois bem. No Natal de 1991, eles viajaram para Portugal, em fins de novembro. Como costumavam passar mais de um mês na Europa, lamentamos profundamente que, pela primeira vez, não estivessem conosco justamente naquele dia.
A tristeza de todos era visível – meu pai, desanimado, já se preparava para dormir; minha mãe, também um tanto desapontada, começava a tirar a mesa; e eu, tristíssima, cheguei a fazer uma “prece natalina” para que algo acontecesse.
E de fato aconteceu. Faltava pouco para a meia-noite, quando ouvimos um barulho no jardim, seguido de um clarão forte na porta de vidro da garagem. Quando saímos para olhar, vimos um carro embicado, no topo da ladeira da nossa casa, com todos os faróis acesos. Eram eles.
Saíram rapidamente do carro, e nós também corremos para abraçá-los, numa alegria indescritível. Até o amigo do meu pai – um português gente boa, mas “duro na queda” – tinha os olhos marejados. Tinham vindo direto do aeroporto, ainda estavam com as malas no carro.
A mulher dele trazia nas mãos um panetone português, bem diferente do que conhecemos aqui: feito com frutas cristalizadas quase inteiras, como pêra, abacaxi, laranja, aplicadas num bolo macio e úmido.
Abrimos novamente todas as portas, acendemos todas as luzes e minha mãe trouxe de volta os comes e bebes da ceia. Sentamo-nos os seis à mesa, e levantamos um brinde a nossa grande amizade e a estes momentos raros, emocionantes, em que descobrimos que a magia natalina não é feita só para as crianças.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Sinais do Natal

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- agitação e burburinho pelas ruas e dentro das lojas;

- cartões chegando pelo correio e por e-mail;

- mamãe “fabricando” seus panetones artesanais para presentear os amigos;

- correria para encontrar e comprar os presentes do pessoal de casa;

- tentar marcar uma hora no cabeleireiro e descobrir que agora, só depois do dia 27;

- encontrar rabanadas na bandeja das sobremesas de um restaurante self-service;

- ver um Papai Noel a cada esquina;

- surpreender-se com a beleza das árvores da cidade, todas enfeitadas com milhares de luzinhas, por toda a avenida principal.

sábado, dezembro 17, 2005

Liberdade

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Há tempos venho querendo assistir Mar Adentro, filme de produção espanhola aclamado pela crítica e elogiado pelo público. Tinham razão: o filme é ótimo.
Boa fotografia, bons atores, boa trilha sonora. É triste, mas com passagens bem-humoradas, e simples, embora bem-feito. Na minha opinião, estes são os melhores filmes, pois geralmente o que é essencial habita na simplicidade. Efeitos visuais, muitas vezes, servem para encher os olhos e camuflar enredos fracos que não nos dizem nada.

O tema principal do filme é polêmico, sempre gera discussões, mas é abordado de maneira sensível, humana, tocante. E cumpre seu papel – emociona e nos leva à reflexão.

Ramón Sampedro (Javier Bardem) é tetraplégico há mais de vinte anos e luta pelo direito de deixar de viver.
O personagem deseja a própria morte, pois não considera como “vida” a sua existência vegetativa. Não se conforma com sua deficiência, pois antes do acidente que o levou a perder os movimentos, fora um homem livre, cheio de energia, que viajou o mundo todo como marinheiro.
No meio da história, um padre, tentando demovê-lo da idéia de morrer deliberadamente, diz-lhe que não há liberdade sem vida. Ao que ele, então, levanta o outro lado da questão: e o que é a vida sem liberdade?
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Tramas dramáticas costumam ter o poder de nos fazer pensar mais profundamente, extraindo mensagens importantes e aplicando o que vemos dentro de uma ótica puramente pessoal.
Enquanto acompanhava emocionada o desenrolar da história, pensei a respeito do conceito de liberdade, que era parte integrante da argumentação principal, mas que pode ser analisado separadamente, sob um outro prisma.

A impossibilidade de se fazer o que se quer não é uma peculiaridade somente dos portadores de deficiência física. Há também uma “inércia psicológica”, que pode nos restringir os passos e as iniciativas, deixando-nos sem ação e oprimidos diante de determinadas situações.
Tantas vezes desejamos mudar algo em nossas vidas e nos vemos de mãos atadas, enredados em uma série de empecilhos e desiludidos por obstáculos que parecem intransponíveis. Queremos “sair do lugar”, levar nossos sonhos adiante e não conseguimos – não por limitações físicas, mas pelas limitações circunstanciais que a própria vida nos impõe.

Percebi que muitas vezes eu mesma fiz como Ramón: olhei pela janela e me imaginei “voando” por sobre as estradas e os campos, colocando-me em outras paisagens e em outras circunstâncias, desejando viver e fazer outras coisas, estar em outros lugares.

É impressionante como algumas coisas que vemos, lemos ou ouvimos têm a capacidade de nos transmitir tão claramente certas mensagens, e de nos deixar dias ‘ruminando’ sobre elas.
Foi, sem dúvida, um belo filme, e com um forte significado.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Casar é complicado

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Aqui perto de casa mora uma mulher que, sempre que encontra comigo, dispara a inconveniente pergunta:

- Mas afinal de contas, para quando é o casamento?


(Devo admitir que detesto esta pergunta. Principalmente porque não sei a resposta!)

Há uma série de motivos para não casar, ou para não conseguir casar. E nem estou entrando aqui na questão da convivência, do surgimento das incompatibilidades e da necessidade de se fazer concessões, elementos inerentes à vida a dois. Refiro-me às questões práticas que levam muitas pessoas a não atingirem este estágio na vida.
Para que um casal finalmente suba ao altar ou junte as escovas de dentes, considero que devam existir três premissas básicas:

1 – Um (a) pretendente – e nisso está implícito o fato de ter encontrado um amor verdadeiro;

2 – Vontade de casar (ou de morar juntos);

3 – Condições financeiras – afinal, ninguém casa para viver numa casa de eucatex embaixo da ponte. Nem num “puxadinho” construído às pressas no terreno dos pais.

O que ocorre é que nem sempre estes três “requisitos” acodem simultaneamente quando as pessoas se dispõem a dividir o teto com outra pessoa.

Há quem esteja doidinho para casar, tenha condições para manter um lar e tudo mais... mas não encontra a sua cara-metade, ou pelo menos alguém com quem queira se “enlaçar”.

Há também aqueles que desfrutam de uma boa situação, mantêm um relacionamento, mas ainda não foram acometidos pela vontade de mudar seu estado civil.

E, por fim, há os que amam, querem, mas não podem. Ou seja, partilham um relacionamento estável, sólido, baseado em sentimentos verdadeiros, desejam se casar e ter uma casinha bonitinha, formar uma família e etc., porém... a situação financeira extremamente desfavorável não permite que dêem este novo passo.

Como já podem adivinhar, eu e meu namorado secular nos enquadramos nesta terceira opção – ou seria melhor dizer “falta de opção”?
Se nem uma “união informal” seria possível na atual conjuntura, casar como manda o figurino, com tudo nos conformes como desejam mamãe e papai, então, nem pensar.
Nunca fiz do casamento um objetivo de vida, mesmo por que, isso é coisa do século retrasado, época em que as mulheres eram criadas essencialmente para casar e parir filhos. Também nunca tive pressa de trocar alianças – e ai de mim se tivesse! – porque sempre julguei que se deve chegar a este ponto naturalmente.
Mas muito cedo me apaixonei, e viver ao lado de quem amo tornou-se não uma meta, mas um sonho – que acalentamos há tempos – e que nunca reúne as condições mínimas para ser concretizado.
Resumindo: essa coisa de juntar os panos não é para qualquer um, não. Fica caro pra chuchu.

Então, voltamos ao primeiro parágrafo deste texto, e encontramos a insuportável mulherzinha fazendo aquela desconcertante pergunta, em tom de cobrança.
Limito-me a dar-lhe o meu mais forçado sorriso, cumprimentá-la e seguir meu caminho. Explicar seria muito complicado.
Tão complicado quanto casar.

domingo, dezembro 11, 2005

Nada do que foi será...

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Sou daquelas pessoas propensas à nostalgia, que faz das boas lembranças marcas indeléveis da alma. Basta um perfume ou uma música para disparar em mim o gatilho das memórias em cujos arquivos guardo épocas, fatos, cenas e diálogos inesquecíveis. Surgem então aquelas saudades, que incomodam justamente por saber que muitas coisas jamais voltarão a ser como eram.
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No meu período de faculdade (1995-1998) fiz um grupo de amigos, constituído de quatro meninas e um menino – o curso de Comunicação Social costuma ter mais mulheres do que homens – e andávamos juntos para baixo e para cima.
Mas nosso relacionamento não se restringia ao período das aulas. Saíamos juntos muitas vezes, dormíamos na casa uns dos outros, dividíamos alegrias e tristezas e sabíamos nos divertir. Tudo parecia mesmo uma grande brincadeira, tamanha era a sintonia do nosso quinteto, embora vez ou outra surgissem divergências – coisa absolutamente normal, pois cada um tinha sua personalidade.

Enquanto durou o curso, nem se pensava que um dia aquele retrato onde apareciam cinco estudantes de Publicidade seria rasgado em cinco pedaços, que seriam soprados para longe, em direções diferentes. Pelo menos para mim, estava implícito que aquela amizade transcenderia a ligação circunstancial que nos unira até então.
Antes mesmo do término último período, deu-se uma ruptura dentro do próprio grupo, o que de uma certa forma dividiu-o em dois. Uma das meninas envolveu-se com o garoto e, por uma “cautela” desnecessária, mantinha-o afastado das outras três. Ainda assim, procuramos conservar os vínculos, na medida do possível.

No último dia do ano letivo – 11 de dezembro de 1998, há exatos 7 anos – comemoramos debaixo de uma chuva de lágrimas, razão pela qual apareço usando óculos escuros em quase todas as fotos tiradas naquele dia.
Prometemos uns aos outros que estaríamos sempre em contato, e que sempre daríamos um jeito de nos encontrar. Mas a promessa não foi cumprida.

Para muitas pessoas, o período de faculdade pouco significa, ou não deixa nenhuma grande saudade. Para meus colegas deve ter sido assim. Mas para mim, é um pedaço da minha história que me traz uma saudade enorme, potencializada principalmente pela desagregação do grupo.
O fato é que nada jamais será de novo como era, porque tudo mudou. Mesmo que nos encontrássemos hoje, já não seria a mesma coisa. Nós mudamos como pessoas, temos uma bagagem de experiências bem diferente da que tínhamos antes. Além disso, estaríamos fora do cenário e da época. Aquele período agora habita numa outra dimensão: a das coisas que ficaram para trás.

Tempos depois, quando adentrei novamente os portões da faculdade, para buscar meu diploma (demorou anos para ficar pronto), senti um terrível vazio.
Fiz questão de visitar as minhas antigas salas, o prédio de Comunicação, e os lugares por onde andei, acompanhada daquelas quatro pessoas que pareciam tão unidas. Tudo o que vi foram imagens desbotadas, e eu quase pude ouvir os ecos de nossas risadas, cochichos e conversas.
Saí de lá arrasada. Nunca mais pretendo voltar nem mesmo àquela rua, pois não quero ter novamente esta sensação de perda, de solidão.

Talvez eu esteja precisando mesmo é de um novo grupo – não para substituir aquele da faculdade, do qual nunca quero esquecer, mas para contar uma nova história.
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(A música que hoje me vem à cabeça é COMO UMA ONDA, de Lulu Santos.)

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Fórmula do medo

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O terror não é meu gênero predileto, e tampouco me atrai nas prateleiras das vídeo locadoras. Quanto aos filmes, acho-os surreais demais, meio despropositados. Aliás, o único objetivo é provocar medo e pregar sustos. Prefiro suspenses inteligentes, filmes policiais com enredos interessantes, dramas bem construídos e comédias que não beirem o pastelão. Resumindo: dou preferência a temas mais elaborados.

Mais por insistência do
Leo do que por vontade ou curiosidade, assisti, no fim-de-semana que passou, ao filme O Chamado 2 - a refilmagem americana de Ring 2, produção japonesa de 1999.
Achei meio fraco, em relação ao
primeiro filme, que vimos no cinema, na época de sua exibição. E bem inferior, em matéria de sustos, ao também japonês O Grito.
O único susto verdadeiro que levamos foi uma rajada de vento que sacudiu as vidraças da sala da minha casa, enquanto assistíamos ao filme – às duas da madrugada.

Na verdade, os filmes de terror seguem uma receita básica, cujos ingredientes – que podem ou não aparecer juntos numa mesma história – costumam estar freqüentemente presentes em várias produções do gênero. A fórmula-padrão conta com pelo menos alguns destes elementos:

- sempre há uma porta cujas dobradiças estão enferrujadas, fazendo aquele “nhééééé”, que já se tornou um clássico das tramas de horror;
- as portas se fecham sozinhas, batendo estrepitosamente atrás do personagem;
- as portas e janelas estão sempre emperradas, quando o personagem tenta escapar por elas;
- as casas sempre têm um segundo pavimento ou um porão – geralmente sem luz;
- a luz, aliás, sempre acaba justamente no momento mais tenso da trama;
- trilhas sonoras impactantes costumam assustar mais do que a cena em si;
- há sombras ou barulhos estranhos pela casa;
- sempre acontece alguma coisa dentro dos elevadores;
- nos mais recentes filmes de origem japonesa, os mortos-vivos costumam aparecer com os cabelos cobrindo o rosto;
- é comum haver algo referente a água em filmes de horror, seja de poço, banheira, lago, etc.
- as crianças dos filmes quase sempre possuem um semblante sinistro;
- a família que se muda da cidade para o interior sempre compra uma casa enorme e esquisita, com um histórico de mortes e assassinatos;
- espelhos não podem faltar – é através deles que os personagens enxergam vultos ou coisas estranhas atrás de si;
- as banheiras sempre constituem uma ameaça em filmes deste tipo;
- algum bicho costuma aparecer: uma coruja, um pássaro, um gato, um cavalo, um lobo ou qualquer animal que esteja dentro do contexto;
- os personagens menos importantes sempre morrem – aliás, eles estão na história justamente para isso.


De arrepiar os cabelos:

Os outros (figura na categoria do suspense, mas eu o considero um terror fino e inteligente, com um desfecho surpreendente);

Revelação (também não consta na lista dos filmes de terror, mas dá uns sustinhos e tem umas cenas esquisitas);

Premonição (o primeiro filme assusta mais do que o segundo, que considerei meio “trash”, algo parecido com Todo mundo em pânico);

Poltergeist – O fenômeno, (é de 1980, mas até hoje suas cenas nos arrepiam);

O Exorcista (este ainda não tive coragem de assistir, mas se um dia o fizer, certamente será durante o dia... rs).

Estranhas curiosidades sobre “O Exorcista”, de 1973:

- Linda Blair enfrenta até hoje ressalvas de pessoas que tem medo de conversar com ela por ter interpretado Regan.
- Na época das filmagens, nove pessoas ligadas à produção do filme morreram repentinamente.
- O set de filmagens pegou fogo inexplicavelmente, atrasando a produção do filme por cinco semanas.
- O escritor do livro afirmou ter se baseado numa história verídica para escrever o livro.
- Um garoto (e não garota) teria sido possuído após ter usado a "tábua de Ouija" (brincadeira do copo no Brasil) para se comunicar com a tia morta recentemente.
- Aos 18 anos, Linda foi presa por porte de cocaína. Ela caiu no uso de drogas por ter se tornado uma "atriz de um filme só". Ela insiste que foi uma armação, mas assumiu a culpa para conseguir uma pena menor. Atualmente ela não comenta seu envolvimento com drogas.

Encerrando o assunto...

Para quem gosta do estilo, o ideal é providenciar para que os filmes sejam assistidos preferencialmente à noite, com todas as luzes apagadas, sem ninguém por perto. Uma ventania vibrando as vidraças pode completar o clima.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Bola fora

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O ônibus levava cerca de 20 torcedores que vieram ao Rio acompanhar o jogo Botafogo x Fortaleza, no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador. Torcedores contaram que o ônibus foi atacado num engarrafamento no acesso à Ponte Rio-Niterói por pelo menos quatro homens que estavam em um carro e levavam porretes e revólveres. Três deles estariam com a camisa da torcida organizada Fúria Jovem, do Botafogo.
(...)
O ataque ocorreu pouco depois da escolta deixar de acompanhar o coletivo, nas imediações do acesso à Ponte Rio-Niterói.

Fonte: Globo Online

É lamentável que o que deveria divertir e proporcionar bons momentos tenha se tornado algo perigoso e violento.
Estou falando dos jogos de futebol nos estádios brasileiros, e do comportamento nada amistoso das torcidas. Tenho acompanhado as notícias a esse respeito, e fico abismada com a falta de civilidade de alguns torcedores. Chegam aos gritos, exaltam-se durante a partida, e saem aos bofetões, dispostos a esganar, esfolar, matar. Levar um filho pequeno para assistir a um jogo no domingo à tarde, por exemplo, tornou-se um programa arriscado.

As brigas entre torcidas estão cada vez mais violentas e freqüentes, e já não se restringem mais ao espaço dos campos e adjacências. Ônibus transportando torcidas organizadas têm sido vítimas de ataques de torcidas rivais.

Outro dia mesmo, um torcedor do Botafogo foi assassinado a golpes de foice por torcedores do Flamengo, e não raro constituem-se verdadeiras batalhas com paus e pedras na saída dos estádios. Hoje, torcedores do Botafogo atacaram a tiros o ônibus que conduzia a torcida do Fortaleza, deixando três baleados e um morto. A escolta policial havia deixado de acompanhá-los.

Não há limites para o fanatismo e para a barbárie, que produz vítimas e propaga o pânico entre aqueles que não participam das arruaças.
Não há segurança, nem uma repressão efetiva ao vandalismo, cujos atos têm sido punidos de forma branda e muito pouco eficaz. No Rio, alguns torcedores baderneiros são obrigados apenas a comparecer à Academia de Polícia, para assistir a palestras e vídeos “de conscientização” em dias de jogo, não podendo assim estar nos estádios, nem acompanhar pelo rádio ou televisão o desempenho do seu time.

A polícia acredita que esta “providência” vá reduzir os casos de brigas entre as torcidas. Pois eu não acredito. A solução para este problema não é assim tão simples. A verdade é que não há policiamento ostensivo e suficiente na saída dos estádios, e a ira dos primitivos não encontra obstáculos para explodir. O resultado desta omissão é o que vemos constantemente na televisão, ou estampado nas capas de jornais. Confusão, pancadaria, mortos e feridos.
Ao que tudo indica, daqui a algum tempo nem a este tipo de lazer o brasileiro poderá recorrer para obter um pouco de diversão e entretenimento, pois o esporte mais popular do Brasil está sendo ameaçado pela violência e pelo descaso.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Dirceu - A Queda!

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Francamente, não achei que fosse acontecer. O homem do presidente ser cassado, jogado aos leões? Quase não consegui crer quando vi, pela televisão e em edição extraordinária, o resultado da votação no Congresso: José Dirceu perdera seu mandato.
Mas faz sentido. Dirceu poderia atrapalhar a candidatura de Lula à reeleição, se continuasse a seu lado como o braço direito. Mantê-lo no governo, ocupando um cargo de tamanha importância, enxovalharia definitivamente a reputação do PT, e arrastaria junto nosso não menos corrupto presidente.
Além do mais, era devida uma resposta ao povo brasileiro, que vem acompanhando esta sórdida odisséia desde o escândalo dos Correios, quando Roberto Jefferson pôs a boca no mundo e revelou ao país o maior esquema de corrupção já operado no Brasil.
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O povo queria um desfecho justo, e até o momento apenas Jefferson havia sido punido com a cassação. E ele era o denunciante! E os denunciados? Mais uma vez, ficaria tudo por isso mesmo?
Lula achou por bem não desfeitear a nação indignada, pois isso poderia lhe trazer uma certa rejeição, o que não seria uma boa estratégia quando o que se almeja é a reeleição. Apoiou o "companheiro", declarando-o inocente até o fim, mas não fez tudo o que podia para mantê-lo no cargo - e sabemos que poderia fazê-lo. Mas compreendeu que esta atitude poderia abalar a pouca confiança que alguns incautos brasileiros ainda lhe depositam, e prejudicar sua candidatura no próximo ano.
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BRASÍLIA. Na madrugada de ontem, logo após ter sido cassado, José Dirceu desabafou com amigos que foi abandonado por petistas e até mesmo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que, reconheceu depois, não poderia ter ido além do que foi. Ainda na quarta-feira, Lula conversou por telefone com Dirceu, pouco antes de começar a sessão da Câmara, para lhe desejar boa sorte. A confidência foi feita em seu apartamento na presença de poucos políticos e de algumas amigas de sua mulher, Maria Rita.
— Se o Planalto tivesse ajudado, a história seria outra — desabafou Dirceu.
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Lula e Dirceu são feitos do mesmo material, e primam pelo cinismo de suas declarações. Em entrevista concedida ao Jornal O Globo, o ex-ministro e ex-deputado pontuou sua cassação com frases pífias que, as estas alturas, não convenceriam nem uma criança..
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"Perdi meu mandato e isso não é pouca coisa. Foi uma violência! Estou me sentindo como se tivesse perdido a própria vida! É uma dor que ninguém pode imaginar, mas espero ter forças para superar. "
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Um dos únicos momentos em que o ex-deputado se incomodou foi ao ser perguntado se estava sustentando o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Muito irritado, disse que não tem condições financeiras para isso e defendeu o ex-tesoureiro com veemência.
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"— Isso é desrespeito! Isso é uma ofensa à minha honra! Não tenho dinheiro nem para pagar a pensão das minhas filhas na semana que vem! O Delúbio é um homem simples e não houve enriquecimento pessoal ilícito. Eu não estou podendo me sustentar muito menos sustentar o Delúbio!"
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"Se se provar que existiu mensalão eu aceito, mas ninguém provou."
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"Não fui cassado por corrupção, não sou corrupto, e tenho as mãos limpas. Quero ser investigado até o final, mas foi uma cassação política."
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"Quero reiterar meu agradecimento ao presidente Lula, que disse a todo o país, com a responsabilidade do presidente da República, que eu era inocente e que não havia provas contra mim."
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Não foi à toa que levou umas bengaladas. Pelo visto, não é só no ex-deputado Roberto Jefferson que ele provoca "os instintos mais primitivos"....